1o território da 4a edição da UQ

Foi uma tarde de muito aprendizado, concentração e emoção. O território reuniu um grupo variado que tinha em comum muita garra para inventar e superar dificuldades em seus projetos.

A escrita que nos trama com Rogéria Reis

Rogeria Reis abriu a mesa contando sobre o percurso que a levou para escrita. A partir de um conflito no trabalho, e o desligamento de Volta Redonda, sua cidade natal, até a decisão de começar a escrever um blog. Para explicar o seu desenvolvimento, Rogéria dividiu seu trabalho de escritora em fases: fase da latência, fase da indecisão, fase da revolta, fase do desabafo, fase reveladora e fase da acomodação. Descrevendo em cada uma das fases sua luta com a palavra, com suas memórias e seus pensamentos. Ela contou que muitas mulheres têm livros guardados nas gavetas e que hoje depois de superar todas estas fases ela está fazendo parte da FLUPP Pensa e recebendo orientações do poeta Omar Salomão.

Música: plataforma de múltiplos saberes no ambiente escolar com Juliana Barreto

Depois foi a vez de Juliana Barreto, mineira, neta do sapateiro seu Zuza, ela aprendeu com a família, desde cedo, a trabalhar pelo desenvolvimento humano; operando numa dinâmica de abrigar pessoas, promover justiça e cidadania. A partir de 2007, no Rio de Janeiro, vem trabalhando com desenvolvimento a partir da arte, levando estas experiências para o ambiente escolar. Ela apresentou o projeto TEAR, tecendo educação e arte, estabelecidos em escolas que se propuseram a ser o centro cultural em bairros cercados por industria e com forte demanda social. O projeto se compõe de três etapas: A roda de leitura – canção e poema, Exposições – Tecendo imagens e sons e o Ciclo de palestras – que traz pessoas de fora deste ambiente para depoimentos.

Do clube do Feijão à Ciranda de Oficinas com Fábio Augusto Pedroza

Em seguida Fábio Augusto falou sobre os projetos que ele fomenta na borda do Parque Equitativa em Duque de Caxias; o Clube do feijão e a Tribo Full, um coletivo cultural, que promove entre outras ações o Sarau Primavera. Ele falou da ausência de equipamentos culturais na cidade e apresentou as propsotas do coletivo que envolvem oficinas, debates, festivais, produção de informativos e uma luta cotidiana pela preservação do meio ambiente. Fábio afirmou que quem mora perto de uma reserva, tem que se comprometer mais com a preservação. Comentou ainda que o Tribo Full é parceiro dos coletivos Mate com Angu e Macaco Chinês.

Conscientização social e política através da cultura com Daniel Remilik

O quarto quebradeiro a se apresentar foi o Daniel Remilik, que trabalha no Centro de Artes da Maré e toca na banda Los Xivitos. Ele contou que existem 145 mil habitantes na Maré, bairro em que nasceu e viveu com sua mãe, que sempre estimulou e esperou que ele fosse um bom aluno e se formasse na universidade, entretanto ele acalentava o sonho de ser palhaço. Mas apesar de não ter abandonado a escola, nunca se sentiu bem no ambiente escolar. A partir do trabalho no Centro de Artes, ele se envolveu com educação e tornou-se professor. Hoje ele está no último ano de pedagogia.

Um acrobata entre o ritmo e a letra com Babilak Bah

Para encerrar tivemos a presença do quebradeiro convidado Babilak Bah. O poeta paraibano, artista do ruído, autodidata, leitor voraz, filho de mãe analfabeta, que desenvolve uma obra artística multilinguagem, refletindo sobre sua condição social. Ele contou como conheceu Augusto dos Anjos na biblioteca de um patrão de sua mãe e que encontrou nos tambores do Maranhão o ritmo que lhe trouxe equilíbrio emocional para sua vida. Ele afirmou: O tambor me levou para conhecer o mundo. Depois ele apresentou seu trabalho enxadário, uma orquestra de enxadas, um objeto político, simbólico que lhe trouxe a cidadania artística. Apresentou o Trem tan tan, o samba abilolado e outras instalações sonoras que exploram tradições populares, como o canto de vida e o canto de morte, chamado de zambiacungo mineiro. Babilak nos contou que segue dando oficinas e viajando, nutrindo seu imaginário e aprendendo com estas experiências.

Por falta de tempo, o projeto Resgate de Memória Cultural e valorização da Identidade do Complexo de favelas da Maré, com os atores Vanessa Greff e Flávio Vidaurre, não foi apresentado. Mas ficou combinado que na próxima terça eles vão apresentar o documentário as 13:30, na nossa sala no MAR.

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