Espetáculo mescla cultura erudita e urbana e transforma rap em ópera

RENAN INQUƒRITO_LIVRO BOA _CRÉDITO MÁRCIO SALATAPoeta, rapper e geógrafo Renan Inquérito roteirizou obra de Boaventura de Sousa Santos

Inédita no contexto que reúne orquestra, DJ, MCs e dançarinos, a Ópera Rap Global, roteirizada pelo rapper e poeta Renan Inquérito estreou no sábado13 de setembro. A montagem une a linguagem urbana, leva a rua para o palco e mistura a música erudita com o hip-hop. O evento de lançamento teve transmissão ao vivo via internet.

O espetáculo musical que funde o clássico e o contemporâneo foi inspirado no livro Rap Global, do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos e mescla a representação da cultura popular, por meio do rap, com a cultura erudita, por meio da ópera.

“Foi uma experiência incrível, fui convidado pela Fabiana Menini (Trocando Ideia) e tive a honra de escrever este roteiro com o Boaventura, todo inspirado na obra dele, que é um pesquisador fantástico. Eu encarei esse trabalho como um desafio, caí de cabeça e após várias reuniões e leituras ele aconteceu”, disse Renan Inquérito.

Ópera Rap Global provoca mundos distanciados e ousa no campo artístico, o que contribui  para o processo de valorização dos atores locais e da cultura urbana por meio de elementos do hip-hop.

Para Renan Inquérito, o que representa a obra é o personagem Queni N.S.L. Oeste que por si, representa “um grito contra todos os outros gritos que até agora deram em nada”. “Ele representa os palestinos na faixa de gaza, os camponeses expulsos do campo, os imigrantes ilegais em busca de uma vida melhor em algum país do primeiro mundo. O Queni representa negros, mulheres e todos aqueles que de alguma forma são oprimidos pelo sistema vigente”, destacou o roteirista.

 

Lançamento da ‘Ópera Rap Global’
O lançamento do projeto aconteceu no dia 13 de setembro no Museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre (RS) e teve a demonstração do estudo feito pelo compositor Pedro Dom para a formação da orquestra, além da leitura cênica do prólogo da ópera e intervenção do sociólogo Boaventura, que falou sobre a criação do personagem central.

A realização é do Instituto Trocando Ideia, que atua com a cultura hip-hop em Porto Alegre desde a década de 1990.

 

Jornalista Jéssica Balbino para o site da UQ