Modernismo na UQ

Na próxima terça-feira, 9 de agosto, Beá Meira comanda a primeira aula sobre Modernismo na Universidade das Quebradas. Abordando o período entre 1907 e 1945, a professora fará uma introdução ao período histórico que engloba a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, entre outros acontecimentos mundiais de grande importância. A aula trará como debate como a ideia de “novo” associada a algo “superior” alimentou as mudanças tecnológicas e culturais deste período que foi chamado de “Moderno”. Além disso, Beá abordará a década de 1930, em que os regimes ditatoriais utilizaram a arte, após um “retorno à ordem”, como meio de comunicação com as massas.

Através da apresentação de imagens, Beá falará sobre as correntes artísticas mais importantes da época, como o cubismo francês, o Dadaísmo Internacional, a Bauhaus alemã, o futurismo italiano e construtivismo Russo. Sem esquecer o cenário brasileiro, a Semana de Arte Moderna e a Antropofagia encerrarão a aula.

Segue também o Manifesto Futurista, publicado pelo poeta Felippo Marinetti (1876-1944) em 1909:

“1. Pretendemos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e do destemor.
2. A coragem, a audácia e a revolta serão os elementos essenciais da nossa poesia.
3. Até agora, a literatura exaltou a imobilidade, o êxtase e o sono pensativos. Nós tencionamos exaltar a ação agressiva, uma insônia febril, o passo do atleta, o salto mortal, o soco e a bofetada.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um carro de corrida cujo capô é adornado de grandes tubos, qual serpentes de hálito explosivo – um automóvel que ruge e parece cavalgar uma metralha é mais belo que a Vitória de Samotracia.
5. Queremos cantar o homem ao volante, que percorre a Terra com a lança de seu espírito, traçando o círculo de sua órbita.
6. O poeta deve consumir-se de ardor, esplendor e generosidade; dilatar o fervor entusiástico dos elementos primordiais.
7. Não há beleza se não na luta. Nenhum trabalho sem caráter agressivo pode ser uma obra prima. A poesia deve ser concebida como um ataque violento as forças desconhecidas, deve reduzi-las e prostrá-las aos pés do homem.
8. Nós estamos no último promontório dos séculos! […] Por que olhar para trás se o que queremos é arrombar as portas misteriosas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Já estamos vivendo no absoluto, porque criamos a velocidade eterna e onipresente.
9. Glorificamos a guerra – a única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutivo dos portadores da liberdade, as belas idéias pelas quais vale a pena morrer e o desprezo pela mulher.
10. Destruiremos os museus, as bibliotecas, as academias de toda sorte, combateremos o moralismo, o feminismo, toda a covardia oportunista ou utilitária.
11. Nós cantaremos as grandes multidões entusiasmadas pelo trabalho, pelo prazer e pela insurreição; cantaremos as ondas multicolores e polifônicas da revolução nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor noturno dos arsenais e estaleiros iluminados por luas elétricas; nuvens ambiciosas pelas linhas arqueadas de sua fumaça; pontes que atravessam rios qual ginastas gigantes, reverberando o sol com o fulgor das navalhas; vapores aventureiros que farejam o horizonte; locomotivas de peito ancho, cujas rodas lavram os trilhos como os cascos de enormes cavalos de aço arreados com tubulações; e o vôo elegante dos aviões cujas hélices rascam aos ventos qual estandartes e que parecem levantar vivas qual uma multidão entusiasmada.

E para terminar Marinetti clamava pela destruição do passado:

“que venham os alegres incendiários de dedos chamuscados! Ei-los! Ei-los que chegam! […] Venham atirem fogo nas estantes das bibliotecas! Desviem os canais para inundar os museus! […] Oh, a alegria de ver as vetustas e gloriosas telas boiando sem rumo nessas águas, descoradas e rasgadas! […] Armem-se de picaretas, machados, martelos, e deitem por terra sem piedade as cidades veneráveis!”

Antonio Sant`Elia: A cidade Nova, de 1914

Literatura modernismo Brasil:
Curta metragem sobre o caderno coletivo de alguns escritores modernistas “O perfeito cozinheiro das almas deste mundo” (12 minutos):
http://blogdoims.uol.com.br/ims/o-perfeito-cozinheiro-das-almas-deste-mundo-%E2%80%93-oswald-de-andrade/

Cinema Dada Alemanha:
Curta metragem “Fantasmas antes do café da manhã” Hans Hichter, 1928 (9 minutos):
http://www.youtube.com/watch?v=bqguzDeejFk

Cinema Russia:
Dziga Vertov: O homem da câmera, 1929.  (67 minutos):
http://vimeo.com/25840161

Cinema Brasil:
A Symphonia da metrópole, 1929. (10 minutos)
O filme foi restaurado, em 1998, e foi criado um acompanhamento musical pelos musicos Lívio Tratemberg e Wilson Surkorski para ele:
http://www.youtube.com/watch?v=N2naWik0aAs&feature=related

Dança Bauhaus Alemanha:
Oskar Schlemmer, Balé Triático, Bauhaus, 1926.
Apresentação feita em 2010 no Senac em São Paulo. (30 minutos):
http://vimeo.com/12403472