Pingue-Pongue com o quebradeiro José Carlos

Quieto, atento, sempre presente. José Carlos Soares é o entrevistado dessa semana, para encerrar o semestre. Estudante de Pintura da UFRJ, quebradeiro por natureza, amante das artes, ele segue o fluxo do “tudo ao mesmo tempo agora”. Não deixe de conhecer o Zé!

Você tem ou participa de algum projeto fora das Quebradas?
Já participei de alguns projetos, mas no momento participo apena da Universidade das Quebradas, além de estar a pouco tempo de concluir minha graduação.

Você trabalha?
Tenho trabalhado apenas em horários extras, quando dá, devido a carga horária integral da faculdade.

É sempre tímido ou tem alguma coisa que te faça querer participar mais ativamente?
Não sou sempre tímido, necessariamente. Mas são poucas as vezes que me sinto inclinado a interferir no que está sendo debatido, talvez por preferir absorver o conteúdo e refletir melhor sobre os temas abordados antes de intervir… E algumas vezes, uma ideia sobre o tema que está sendo debatido em aula só surge posteriormente, quando estou em casa, ou lendo os comentários no site.

Por que escolheu participar das Quebradas?
Fiquei sabendo da Universidade das Quebradas há muito tempo, lendo uma entrevista da Helô no jornal interno da UFRJ (jornal que era bacana, e aparentemente parou de ser publicado, já que nunca mais o vi disponível, onde eu estava acostumado a pega-lo) e dentre tantos temas interessantes abordados na entrevista, li pela primeira vez sobre a Universidade das Quebradas. O tempo passou, e ano passado, nem lembro como ou através de quem, recebi um link com o edital da Universidade das Quebradas e resolvi participar. Razões pra ter feito essa escolha não faltam. É um projeto ambicioso, rico em ideias… Não teria como não me interessar. Tem muito a ver com coisas que eu pensava e queria.

Você está sempre presente nas aulas. Qual a importância de participar de um projeto como esses na sua vida profissional e/ou pessoal?
As aulas têm sido muito interessantes como um todo, e não saberia separar o lado profissional de um “pessoal”… Não esperava colher frutos nesse sentido “profissional” da coisa, e sim um viés mais existencial mesmo. Eu sentia falta de entrar em contato com outros temas, estudos, pessoas, lugares, ideias… Nesse sentido, o projeto tem superado minhas expectativas, tenho achado uma aula mais interessante que a outra, e me surpreendido muitas vezes com alguns temas abordados, embora algumas coisas sejam repetidas, o que não torna essas coisas menos importantes… Pelo contrário, é bom rever algumas coisas que já estudei em outras ocasiões.

Qual a área artística que mais te interessa?
Estou prestes a concluir minha graduação em Pintura, e faltam poucas matérias para terminar o curso de Gravura. Naturalmente, portanto, tenho uma forte ligação com as artes plásticas, é o que mais estudei nos últimos cinco anos. Mas pra ser sincero, tenho me sentido um pouco farto de artes visuais, sentindo a necessidade de me afastar um pouco, parar um pouco, refletir, antes de seguir em frente (risos)… Eu ia tentar emendar no mestrado, mas achei melhor parar para refletir sobre os projetos que realmente quero me aprofundar. É algo que eu gosto bastante, mas sinto a necessidade de estar em contato com outras coisas/assuntos. Antes da faculdade, estudei música, tive banda, e acabei me afastando disso, e sinto vontade de voltar a tocar. Paralelamente a isso, sempre gostei bastante de literatura e de cinema, sempre leio e vejo filmes frequentemente, já participei da produção de dois curtas metragens. Essa é uma área que eu também tenho interesse. De modo que não poderia dizer uma área em especial que mais me interessa, pois sempre acreditei que todas essas coisas estão, de algum modo, interligadas: existe pintura no cinema, cinema na literatura, literatura na música, tudo misturado e vice e versa, “tudo ao mesmo tempo agora”. Mais difícil seria tentar conceituar ou descrever o sentimento real do que é arte, mas isso é outro assunto (risos).

O que você acha de estar sendo entrevistado?
Divertido (risos), é bacana por ter que tentar sintetizar em poucas palavras (não sei se estou tendo sucesso quanto a isso) pensamentos que vem e vão, de modo nem sempre linear, seguindo um fluxo…

Qual a maior lição que aprendeu nas Quebradas?
A diversidade, a impureza, no melhor sentido que esse termo possa ter, a mistura de ideias, culturas, pessoas, temas como possibilidade de novas ideias, soluções e reflexões que desembocam em outras ideias, soluções e reflexões que se misturam com outras ideias e temas e reflexões que… Ad infinitum. Enfim, essa torrente de informações que sempre existe nas Quebradas. A possibilidade sempre existente da fuga de lugar comum. Tenho aprendido bastante, e certamente ainda aprenderei bastante por aqui. Minhas expectativas são grandes para o próximo ano.

A Universidade das Quebradas tem o prazer de conversar com o quebradeiro Zé Carlos, e deseja muito sucesso em sua jornada!

 

Por Mariana Mauro (Bolsista PIBEX – ECO/UFRJ )
14/12/12