[polo] Grécia e periferia

A poesia grega abriu a tarde com toda a tradição dos poemas Ilíada e Odisseia. Segundo o professor Henrique Fortuna Cairus, os “aedos” eram, na Grécia Antiga, como os repentistas no Nordeste: cantavam poemas sobre as histórias da sua sociedade, as chamadas epopeias gregas, e relatavam lendas e tradições populares com seus personagens e suas aventuras.

Parte fundamental na organização social grega, a classe dos cantadores transmitia oralmente suas histórias para que a tradição não se perdesse com os anos. Estima-se que a Ilíada e a Odisseia, por exemplo, só tiveram seus versos escritos muitos séculos depois.

Para os gregos, as histórias cantadas pelo “aedo” Homero na Ilíada e na Odisseia eram verdades absolutas – inclusive pela perfeição do seu formato: são epopeias constituídas por 24 cantos, nomeados de acordo com as letras do alfabeto grego. Os versos que caracterizam a poesia épica são os hexâmetros dactílicos, formados por uma sílaba longa e duas breves. Além da métrica perfeita, hoje uma epopeia é reconhecida por conter o herói e seu discurso heróico, e pelos fatos serem narrados com certo exagero.

Até hoje estudiosos questionam a veracidade da história, da autoria e da própria existência de Homero, e cientistas consideram esta uma questão insolúvel, o que gerou polêmica na aula desta terça-feira entre os Quebradeiros. No entanto, como o próprio professor Cairus explicou, a única coisa que se pode afirmar sobre a obra é que ela se refere a uma época e a um lugar que existiu. E, convenhamos, indiscutível mesmo é a importância das duas epopeias na formação cultural no Ocidente.

Na segunda parte da aula as professoras Amara Rocha e Numa Ciro conduziram os debates convidando Maura, produtora da Biblioteca de Manguinhos para apresentar a Revista Setor X que está sendo lançada. Os alunos que participam do curso de Economia Solidária também foram convidados a falar, especialmente sobre a exposição que fizeram na Cinelândia. Em seguida, retornou-se ao tema principal do dia com a leitura de um pequeno trecho sobre a Ilíada, refletindo sobre as formas pelas quais a realidade e fantasia, história e mitologia se misturam na tradição grega e o grande interesse que este tipo de literatura mantém através do tempos.

Texto: Joana D’arc Liberato/Martinica
Colaboração: Amara Rocha

Foto “Capo Sounion Grecia. Poseidon’s temple at Sounion Cape, Greece” por various users – CC BY-SA 2.0