Pós-Aula 1: Autoria na arte popular – Angela Mascelani

Olá quebradeiros!

Como prometido na aula de 12/08/14, temos hoje nossa primeira pós-aula de 2014.2! Toda pós-aula pretende ser uma explanação do que foi a aula e não algo definitivo ou fechado. Por isso, vá nos comentários e complemente o texto. Enriqueça com seu olhar! Assim construímos juntos conhecimento.

Felipe Boaventura

Comunicação Universidade das Quebradas

por Octávio Neto, Bolsista PIBEX/PACC – UFRJ

Iniciando brilhantemente a nova edição da Universidade das Quebradas, tivemos aula com a antropóloga Ângela Mascelani, sobre a questão da autoria na arte popular brasileira. Angela é diretora-presidente do Museu Casa do Pontal, doutora em Antropologia Cultural pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O Museu Casa do Pontal é o mais importante museu de arte popular do Brasil, e está localizado no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro. É uma referência turística e antropológica não só no Brasil, mas em todo o mundo.O museu reúne obras produzidas por cerca de 200 artistas, desde o início do século XX, envolvendo 8 mil peças, entre esculturas, bonecos, entalhes, modelagens e mecanismos articulados, produzidas com o uso de barro, madeira, tecido, areia, ferro, alumínio, miolo de pão, palha e arame. O acervo foi reunido por Jacques van de Beuque, que também construiu a sede do museu, e continua sendo atualizado com parcerias e colaborações diversas.

A aula teve como temática a questão da autoria na arte popular, em sua dimensão estética e política. Historicamente a arte popular está ligada às comunidades populares (oleiras, rendeiras etc.) e de ligação com o imaginário folclórico. Para a elite sempre foi interessante que as camadas populares não tivessem a individualização artística ou a produção autoral, logo, essa produção seria de todos. Essa condição facilitaria a apropriação da arte popular, além de ser uma condição não vista quando se trata de autores ligados à elite.

O advento da urbanização e das indústrias de ferro e plástico substituiu o uso da cerâmica no dia a dia. A arte popular retratou a transição da vida rural para a urbana da forma mais próxima possível.

O sistema capitalista e o regime individualista atual colaboram para que os trabalhos artísticos coletivos fiquem cada vez mais escassos, contribuindo para o individualismo exacerbado que vemos no mundo artístico hoje. O artista popular costuma ser autodidata, sem contato com a arte erudita, retirando da tradição as técnicas que precisa para realizar seu trabalho. Pode inclusive criar recursos próprios para solucionar problemas. A personalização da tradição da sociedade em que esse artista está inserido pode gerar obras de grande valor artístico. As pequenas esculturas costumam ser as manifestações mais frequentes da arte popular, especialmente a cerâmica. Devido às particularidades do trabalho com o material, existem pequenas oficinas comunitárias que se dedicam ao ofício.

A arte popular ainda não é vista com a devida importância, e o fato de ser chamada de popular é ato que reverbera em vários segmentos dentre eles o político. Para que haja a justa valorização da arte popular, se faz necessário, por exemplo, que esse tipo de modalidade artística seja estudado nas escolas, com a mesma importância que é dada à arte elitizada.

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