Pós-aula 5: O Mal Estar na Cultura e o Palco da Vida – João Gabriel

collage freud shakespeare

por Octávio Neto  – Bolsista PIBEX PACC\UFRJ

Existe no pensamento sociológico brasileiro uma lacuna muito grande no que se refere à absorção e à utilização dos ensinamentos de Freud como pensador da cultura. Em função disso, o professor João Gabriel Lima Cruz Teixeira nos esclareceu uma série de questões. João é pesquisador, colaborador sênior da Universidade de Brasília e pesquisador visitante no Programa Avançado em Cultura Contemporânea (PACC) da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Realizou programas de pós-doutorado na New School for Social Research, Nova Iorque (1993-1994) e na Maison des Sciences de l’Homme, Paris Nord (2003-2004). Dedica-se à Sociologia da Arte, com ênfase em Teoria e Prática da Performance, atuando principalmente nos seguintes temas: performance, cultura, arte, teatro e ensino.

Seu livro A teoria da sociedade em Freud, lançado em 1991, foi resultado de uma pesquisa pormenoriza e reflete cuidadosamente sobre as vicissitudes e possibilidades da sociologia freudiana na constituição do pensamento social brasileiro contemporâneo, e visa dar ao iniciante meios de aprofundar o seu entendimento sobre as relações indivíduo-cultura, psique humana-sociedade, fenômenos individuais-ações coletivas.

Na explanação acerca do confronto entre as demandas pulsionais e os limites impostos pela cultura que é feita por Freud, surge a observação sobre a disposição bissexual dos seres humanos. De acordo com João, o prazer sexual é o protótipo da felicidade e de relaxamento para o ser humano. Em relação à religião, Freud a definia como uma ilusão, consistindo em “certos dogmas, afirmações sobre fatos e condições da realidade externa e interna, que dizem algo que não foi descoberto, e afirmam que se deve dar-lhes credibilidade”.

Freud foi um grande leitor e costumava usar a literatura para ajudar na criação de seus conceitos, como fez com Complexo de Édipo. Inspirado na tragédia grega Édipo Rei, designa o conjunto de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta com relação aos pais — os homens são atraídos pela mãe, enquanto as mulheres são atraídas pelo pai.

João Teixeira diz que apesar de parecer, numa primeira aproximação, repetitivas e estranhas, as ideias desenvolvidas por Freud em seu texto, que é visto como um manifesto pessimista, sugerem e antecipam o desenvolvimento da solução final para o problema dos judeus, posteriormente quase dizimados pelos nazistas.

Texto Completo do livro “O Mal Estar na Civilização” de Freud:

http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/freud_02.pdf