Pós-aula Modernismo na Arte e na Arquitetura

O Movimento Modernista tem estado presente em nossos últimos encontros. No entanto, cada abordagem trouxe um aspecto particular, uma forma diferente de se perceber o Movimento.

Na aula desta terça, a professora Beá Meira trouxe para as Quebradas um pouco  sobre Artes Visuais e Arquitetura no Modernismo.

A professora fez uma rápida introdução, na qual falou sobre a característica fundamental do movimento: “No modernismo o novo é sinônimo de superior”. Para o artista moderno é preciso romper com o passado e propor novas formas estéticas para o futuro. Beá apontou o automóvel como um protagonista importante do século XX. Falou do culto á máquina, da sensação de liberdade que as pessoas experimentavam ao dirigir um automóvel no início do século. Para produzir o Ford T, foi inventado, em 1913, a linha de montagem e todo um sistema de produção industrial foi desenvolvido a partir deste modelo. E foi para a circulação do automóvel que a cidade modernista foi projetada.

Entre todos os movimentos de vanguarda que surgiram no inicio do século, cubismo, futurismo, suprematismo, neoplasticismo, surrealismo etc., e que propunham novas formas estéticas de expressão, a professora destacou o Dadaísmo e o pensamento da Escola alemã Bauhaus como duas vertentes diferentes do modernismo.

O Dadaísmo propôs a subversão radical da cultura e questionou o papel da arte na sociedade burguesa. Negando o valor do objeto artístico e da crítica de arte, o dadaísmo deu origem aos movimentos de contracultura que surgiram mais tarde como o movimento punk, por exemplo.

A escola Bauhaus, por outro lado, fundada logo a pós o final da primeira guerra mundial, tinha como proposta a construção de uma nova racionalidade para a sociedade. O racionalismo apoiavasse na ideia de um mundo mais justo, com espaços não hierárquicos, criação de objetos pouco decorados, funcionais e acessíveis a todas as pessoas.

Em seguida a professora falou da Carta de Atenas, um documento realizado pelos arquitetos modernos, em 1933, que propunha um modelo para solucionar os problemas urbanos das cidades que vinham crescendo freneticamente. A cidade de Brasília, inaugurada em 1960, que tem projeto urbanístico de Lucio Costa, segue as propostas descritas neste documento.

Para encerrar a professora apresentou o projeto de Pampulha, mostrando que a arquitetura brasileira se destacou no cenário mundial na década de 1950, com edifícios construídos com inovadoras formas curvas, feitas de cascas de concreto armado, como a igreja de São Francisco.

Depois os Quebradeiros foram divididos em grupos para o trabalho com textos e imagens, e para encerrar apresentaram a todos as suas observações e conclusões.

O primeiro grupo apresentou o “Manifesto futurista – 1909” e a tela  “A revolta, 1911” de Luigi Russolo. Associaram a esses elementos a ideia de potência, e o conceito de super homem do filósofo alemão Nietzsche (1844-1900). Entenderam que o texto passa uma vontade de destruir tudo. E fizeram o paralelo entre o manifesto e o mundo atual. O que se solidifica? O que se constrói?

O segundo grupo trabalhou com um trecho do livro “O Castelo da Pureza – 1968” de Octavio Paz e a imagem da obra “Roda de Bicicleta, 1913” de Marcel Duchamp. Sua analise foi a de que esse conceito, tinha por objetivo criar um confronto, retirando da obra de arte a qualidade de ser bonita ou feia. Quando o artista consegue se comunicar através do seu trabalho, cria a inquietação no outro. Este objeto é arte porque o artista disse que é arte. Este trabalho foi muito original na época. Hoje está tudo pronto.

O terceiro grupo trabalhou o “Manifesto antropófago, 1928” e o “Abaporu, 1928” de Tarsila do Amaral.  A tema foi trabalhado com uma encenação a partir do seguinte poema criado por eles:

“Eu sou o mundo, sou o conhecimento
Sou Freud e vim desmistificar a mulher
E assustar através da psicanálise.
Trouxe a moda e o cinema
A poética e os direitos do Homem.
Trouxe a religião
E o remédio para suas inquietações.
Trouxe a cura para a ignorância
Trouxe Leis
Vamos ensinar como amar,
Como criar, como construir
Como se expressar na arte e na vida.
Alimente-se com esse conhecimento e produza.”

O último grupo falou de a Brasília. Iniciaram sua colocação questionando se a cidade era uma obra de arte. Pablo acrescentou elementos da leitura do livro “A obra de arte na época da sua reprodutividade técnica” de Walter Benjamin, trouxe as seguintes questões: O contexto pode determinar se um objeto é uma obra de arte? A obra de arte é um processo contínuo em construção, dinâmica vivida ou acabada? Quando essa obra se coloca pronta está acabada?

Valéria apontou que Brasília é um avião, é uma cidade para ser vista do alto e não para se caminhar. Foi projetada para a permanência do poder. Não há periferia em seu projeto.

Sérgio Teles colocou que Brasília foi planejada como a cidade dos sonhos. Com condições igualitárias. Mas isso não aconteceu nem na época de sua construção e nem agora. Brasília é mais um exemplo de cidade com contrastes. Sua periferia vive os mesmos problemas das outras cidades do país. A fotografia do  Núcleo Bandeirante de Peter Scheier, é a prova de que em 1958, antes mesmo de  sua inauguração, já haviam pessoas sem ter onde morar.

 

Raquel Lima – Bolsista Bipex (UFRJ/ FM/ TO)