Slam Poetry por Poeta Xandu

[05/NOV]__Tagarela – Poesia no Centro do Rio
por: Poeta Xandu [ZineØØ]

Novamente estamos prontos pra poesia! Quem vos fala é o Poeta Xandu, estendo convite a todos para conhecer a Slam Poetry e o trabalho poético do Paulo Azevedo – do Coletivo Le FUCOH (Macaé-RJ).

Trata-se do evento _Tagarela !_ uma “batalha de poesia”, seguida de microfone aberto. Será o segundo capítulo daquele que promete ser o MAIOR SLAM DE POESIA DO MUNDO! Pena que… os amigos das quebradas… não podem ir porque tem aula!! hahaha! Acontece. Irei compensá-los com um painel sobre a Slam Poetry no Rio – vamo que vamo!

3ª-feira [05/NOV]
__Tagarela – Batalha de Poesia!
ao meio-dia [12hs] no Largo de São Francisco
**em frente ao IFCS, ali no Centro.

Mas o que é um SLAM DE POESIA?

– “Não é sarau?!”

Calma, sem sustos, please! Também não é RAP! são poesias normais mesmo! O evento é mais conhecido como slam poetry, um formato internacional. Por Slam entendam “uma pancada”, ou seja, uma poesia capaz de tirar o público de seu lugar confortável como espectador __é preciso envolvê-lo!

Nessa Batalha a regra é: cada poeta entra com uma poesia sua (leva algumas, várias!), mas precisa ser autoral. Então sua performance poética será julgada pelo público ao redor, vitória medida por aplausos mesmo. Daí, cada poema vale o peso do carisma, a palavra encantada, a profundidade dos sentidos… Isto é: depende do que o público gostar ou não.

Mas o que faz do Tagarela o “MAIOR SLAM DO MUNDO”??

Bom, a regra mais comum numa batalha de poesia “slam” é que ela deveria ser apreciada pelo público no tempo de 3 minutos… Não será assim! Será de tempo livre! Quiçá infinito!

E a poesia não precisa ser decorada, pode ser lida, sim, minha gente! \o/

Para não cansar ninguém: deixo a chamada logo de uma vez, em seguida explico melhor essa caminhada da SLAM POETRY no Brasil – e vamo que vamo!
!! Inscrições !!
– basta enviar nome pelo email:
producao@ciagente.com.br
**contatos:

___SITE_
– Cia Gente:
www.ciagente.com.br
___BLOG_
– Poesia Slam:
http://slampoesia.blogspot.com.br/
___FACEBOOK_

– Paulo Azevedo:
https://www.facebook.com/pauloemilio.azevedo.7

– Le Fucoh:
https://www.facebook.com/lefucoh

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_Slam Poetry ! __um pouco de histórias…

O Paulo Emílio Azevedo é o poeta em questão… Mês passado nos juntamos: rapper Slow da BF, a performer Jéssica Fellipe, a poetiza Letícia Brito e o Jean Tagarela. Turma da pesada, nos armamos de poemas e soltamos a voz entrando e saindo de inúmeros vagões pelos trens do metrô, linha 1, linha 2, vice-versa e ao contrário. O mote era o lançamento do livro “Palavra projétil”, do Paulo mesmo, num movimento que seguiu pelo Corujão da Poesia e só parou na porta do IFCS: a 1ª Batalha Tagarela de poesia slam.

Bom, o Paulo, além de ser ligado a poesia urbana, é também “professor-doutor”, um ilustre portanto… Interessa saber: sua caminhada é marcada pelas Street Dances!! E para o Poeta Xandu esse é um ponto importantíssimo!
Colecionamos imagens bem parecidas. Desde os anos 90 esse poeta vem misturando conceitos urbanos: ora na dança, ora no Hip Hop, ora como educador, ora pesquisador, ora como poeta.

Pela dança recebeu muitos prêmios, com a Companhia D.I., depois na renomada Cia. Membros. De sua origem em Macaé, desenvolveu projetos importantes com Hip-Hop, na educação de crianças e jovens de baixa renda. Trabalhando dança, política, corpo, movimento, o caos urbano e um mundo globalizado… Imagens que o levaram ao grau máximo na academia e também: seu firme engajamento pela poesia! yeahh!

Sua poesia atual se expressa através das performances da Cia. Gente, e está no fundamento do coletivo poético Le FUCOH – o grupo onde Paulo trabalha os ensinamentos de um dos grandes poetas de slam-poetry, o rapper Abd Al Malik, de quem ficou amigo quando morou na França. Paulo Azevedo leva a sério o poema de Vladimir Maiakovski: gente é pra brilhar! Mas…

_O Slam ! __que poesia é essa?

A primeira pessoa a tocar no assunto foi o poeta Feijah’N Soul. Era o sarau da Neusa (2007), na Gamboa, que me aproximou também do seu Oswaldo e do Delmo – já éramos quebradeiros sem saber! E o Feijah me mostrou sua Slam Poetry: uma poesia cheia de bossa, com um ritmo bonito, muitos gestos. Naquele momento achei que era RAP.

Trabalhando a Slam Poetry desde 2005, Feijah’N levou esse fundamento para um projeto social (Bandeirantes Já), com crianças da CDD. E depois a Slam Poetry serviu de mote para a os poetas da UQ, num evento poético do Chacal (2011), como grupo Palavras Quebradas, e… o Teatro Carlos Gomes veio abaixo! Foi sucesso!

Muito antes, o Feijah’N me apresentou a história, falou da origem com Marc Smith, um operário de Chicago, que foi responsável por um movimento de retorno a poesia falada nos anos 80. Tipo assim: sempre fiz minhas poesias, com uma pegada popular – sotaques, gírias, acontecimentos do cotidiano. E o Feijah: “cara, tu nasceu pra fazer slam poetry!” Logo eu? nuss…

Nisso, tá o Feijah’N Soul se desdobrando pra me explicar e… nada. Piorou: falou da ligação do RAP atual com a Slam Poetry, que se reflete em músicas melhores! Até lembrei do Saul Williams, que é um rapper bastante “de luta”. Em tempo de bombardeio no Iraque: “não em nosso nome!” dizia seu poema em inglês. Era um POEMA, contundente, destoando do CD de RAP, uma resistência que não vemos por aí…

Na realidade, atinava que Slam Poetry fosse o “primo pobre” do RAP, algo musical, sei lá… Fiquei bloqueado com esse nomes em inglês, as regras e tal. Já com algum estudo no assunto, revi um filme já antigo: “Faça a coisa certa”, do Spike Lee. Ele próprio aparece no papel de Mookie, suas aventuras ao lado do amigo Radio Raheen – histórias do guettho negro e aquele conflito étnico que rola… Então veio a luz!

Grande parte das falas nesse filme sustentam-se num realismo, sotaque novaiorquino… uma cadência, poética… Slam Poetry? – percebi que o RAP me confundia pois (para além da música) aquela pegada é também como se fala no dia-a-dia, as gírias do guetto, a contundência, o emocional. Eram elementos da “Poesia Falada” – da qual o Poeta Xandu fazia parte, sem se perceber “slam”.

Então o RAP é um estilo musical dos EUA, e “aquela voz” no RAP reflete as vivências de lá, como “Poesia Falada”. Acontece de o RAP ser muito amado em SP. Dessa turma, uma parte adotou a cultura de sarau, entrou com força no Slam, e São Paulo me passou aquela sensação de… voltou aquela pulga atrás da orelha: – o primo pobre?

Então eu volto ao Paulo Azevedo: foi curador da mostra “Cultura Urbana” (2012), com apresentações e oficinas das Artes do Hip-Hop na Sala Baden Powell, Copacabana. Foi nosso 1º encontro e também foi a chance de participar da oficina “Musiqueduque”: com Roberta Estrela D’Alva, que ele trouxe de São Paulo. A moça é ícone maior no slam poetry brasileiro!

Estrela D’Alva é formada em Artes Cênicas (USP) e traduz sua expressão em perfomance e poesia. Foi a partir das urgências do sarau Frente 3 de Fevereiro, que resolveram abrir esse projeto: “Particularidades Coletivas” – numa busca por renovação, com gancho na Slam Poetry. Como eu ía dizendo: a coisa já é muito forte no mundo todo, em Portugal é forte, menos no Brasil?!

Não é mais assim. Roberta Estrela D’Alva saiu em 3º na França/2011, e sagrou-se campeã na Copa do Mundo de Slam/2012 em Chicago – uou! E já saiu um filme bem legal! Enfim: nossa oficina foi muito completa, vimos o filme, fizemos exercício vocais, corporais, emocionais e tudo mais que termina em “ais” a gente também fez. Nisso, os meninos da Faetec de Quintino deram um show a parte: eu e Roberta ficamos queixicaídos e boquiabertos!

Por fim: Roberta Estrela D’Alva desde 2008 promove o ZAP (Zona Autônoma da Palavra), um sarau slam que é parte de um projeto maior, de RAP-Teatro. A nata dos poetas de Sampa costuma bater ponto por lá, como o Zinho (neto do ativista negro, o poeta Solano Trindade) entre outros! Também em SP temos: o Menor Slam do Mundo, o Poesia Maloqueirista, o Sarau da Ponte… São vários “points”, uma frente forte no slam SP.

Por aqui, Rio de Janeiro, a coisa está esquentando. Existe a experiência do Feijah’N Soul, com alguns capítulos na CDD, que eu mesmo já fui… No Enraizados de Nova Iguaçu nosso colega DMA já abriu um sarau nesse 2013, o Compulsivos, e incluiu o Slam Poetry também. Rogério Snatus, do Sarau Bambina, começou em maio desse ano, mas não sei se foi adiante… Talvez existam outros, mas nunca ouvi falar.

E Paulo Azevedo, que já levou a proposta ao Corujão da Poesia e está aí de novo. Sua promessa é repetir o Slam Poetry TAGARELA:

__TODA 1ª TERÇA-FERIA AO MEIO-DIA!!

E aí? Quem vai encarar a Slam Poetry?

Nessa terça não, tudo bem UQ. Mas num outro dia de slam, claro que sim!

Vamo que vamo!

– Poeta Xandu

[ZineZerØZerØ – B.Boy Press]

 

3 - [0] Slam 5.NOV

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Paulo Emílio Azevedo
Trechos de “Carta aos elefantes”

Garoto meio irado,
no ócio anuncia o enredo.
Menino sem lar na lama,
associa angústia,
medo!
Cedo, um disparo reverbera.
Berra de lá uma voz no escuro,
muros!
Vis, sois vós que vindes aqui
me insultar com poesias chulas
de capoeira, entendo,
sou mestre, então cuidado.
Passo a perna, quebro o braço
de todo safado que trai amigos