Nossa querida Numa Ciro se apresenta esta semana mais uma vez em Portugal. Numa vai mostrar o espetáculo A PELEJA DA VOZ COM A LÍNGUA na próxima quarta, dia 17, às 18h, na Universidade de Lisboa, no Instituto de Ciências Sociais.
Parabéns Quebradeira! Estamos todos juntos com você aí neste palco!
Para sentir um pouco o clima do espetáculo leiam o texto que o José Machado Pais leu para apresentar o Monólogo Cantante de Numa Ciro
A peleja da voz com a língua
No ano do Brasil em Portugal, Numa Ciro apresenta-nos uma realidade bem viva do nordeste brasileiro, que se reaviva em reminiscências de um passado compartilhado.
A força prosódica da palavra nas cantorias do nordeste brasileiro espelha influências múltiplas – africanas, indígenas e até jesuíticas, como sustentou Mário de Andrade, ao apontar a indisfarçável presença da rítmica livre de origem oratória nos cantos ao desafio, tão abundantes em todo o Brasil, especialmente no seu nordeste.
Com sua penetrante voz nordestina, Numa Ciro reaviva-nos essas heranças musicais que remontam também à cultura musical arábico-ibérica, com seus versos improvisados, semi-recitados ou cantados, tão presentes nas cantorias e repentes do nordeste brasileiro. É nessa matriz que, em Portugal, se filiavam os jograis e madrigais, as músicas ambulantes de cegos ou os fados de rua.
Essa ludicidade poética vem ao nosso encontro pela voz vibrante de Numa Ciro, no seu monólogo cantante A peleja da voz com a língua. Nem tudo o que sabemos conseguimos explicar. Sabemos apenas que Numa Ciro faz dançar a voz com o canto numa viva peleja de melodias, onde, como ela própria diz, “o desejo da rima é combinar”. E isso vê-se, ouve-se e sente-se no seu canto, todo ele feito de encantos, todo ele feito para encantar.
JMP