A última aula do semestre da Universidade das Quebradas contou com a participação do funkeiro e presidente da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (APAFUNK), MC Leonardo. O músico falou sobre o surgimento e os rumos desse estilo musical, além do preconceito e dos estereótipos construídos em volta dele. Além disso, um animado debate uniu a galera para refletir sobre as aulas até aqui e preparar o terreno para a segunda parte do ano.
Ao abrir a aula, MC Leonardo, que está presente no movimento funkeiro há quase 20 anos, citou uma famosa música do cantor Gabriel, o Pensador, para ilustrar o mundo para os meninos da favela: “Aquilo que o mundo me pede, não é o que o mundo me dá”. O funk era repreendido pela sociedade, ao afirmar que a música fazia apologia às drogas e ao crime. Mas segundo ele, o preconceito vem de quando as canções falavam apenas da vida nas favelas, pois “ninguém consegue falar sobre o que não vê”.
Leonardo falou sobre as leis que impediam o funk de crescer. “Dizem que o funk sofreu o mesmo preconceito que o samba, mas o samba não passou pelos problemas com a polícia que nós passamos.” Um dos maiores empecilhos foi a norma criada por Álvaro Lins, que tinha exigências que inviabilizavam a produção de bailes funks como a necessidade de conseguir as autorizações 30 dias úteis antes do evento: “Era um absurdo, enquanto isso a polícia podia vetar até cinco dias antes. Era impossível fechar a agenda”. Mas foi com ela embaixo do braço que o funkeiro conseguiu reverter o quadro e começou a abrir o caminho para o sucesso e para o surgimento do APAFUNK.
O músico falou ainda sobre o sucesso do funk mundo afora: “Se você colocar a batida em qualquer lugar do mundo, qualquer pessoa ligada em música vai dizer que é música eletrônica brasileira”. Leonardo citou também o DJ norte-americano Afrika Bambaataa como uma das maiores referências e uma das maiores inspirações do funk: “Quando ele veio aqui, não tem muito tempo, uma grande parte de seu set list era de funk carioca. As pessoas deveriam se orgulhar disso”.
As Quebradas contaram ainda com a participação do poeta Nelson Macca, radicado em Salvador, que interpretou alguns de seus poemas e contou um pouco sobre seu trabalho com a Blackitude.
O segundo tempo de aula foi dedicado à uma conversa sobre o primeiro semestre de aulas da Universidade das Quebradas. Foram discutidos tópicos sobre os tempos de aula, os conteúdos e os meios de comunicação utilizados. Um debate aberto entre quebradeiros e equipe para o segundo semestre chegar ainda mais animado!