A Chegança dos novos Quebradeiros no Polo de Manguinhos da Universidade das Quebradas (UQ), realizada ontem, foi uma intensa troca de experiência e vivência.
A começar pelo local das aulas: a Biblioteca Parque de Manguinhos (BPM) – “um oásis no deserto”, segundo Sérgio Telles, aluno da UQ. Clara, espaçosa e com um acervo convidativo e participativo, “é como se estivéssemos numa livraria”, destaca a coordenadora do Polo de Manguinhos, professora Amara Souza, ao se referir à organização e distribuição dos livros.
A abertura se deu com a palavra de Alexandre Pimentel, diretor da Biblioteca Parque de Manguinhos e de Vera Saboya, Superintendente da Leitura e do Conhecimento da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, responsável pelas bibliotecas do Estado, sobre a importância de uma iniciativa como as Quebradas estar presente na comunidade.
Após, falaram Heloisa Buarque de Hollanda, coordenadora do PACC/UFRJ e da Universidade das Quebradas; Numa Ciro, pesquisadora da UFRJ e também coordenadora da UQ; além de Amara Souza, coordenadora pedagógica da UQ e do Polo de Manguinhos. A emoção e a alegria de começar esse trabalho em Manguinhos foi unânime nas suas falas. Cada uma a seu modo, expressou a sua motivação pelo trabalho.
Sílvia Ramos, conselheira da UQ, tocou em dois pontos importantes: o fato de que, enquanto na UQ, os produtores e artistas alunos vão à Universidade; no Polo Manguinhos é a Universidade que vai até eles, numa experiência inovadora e rica. Além de dizer que a BPM é um espaço diferenciado na comunidade, por ser o melhor a nível nacional e que Manguinhos merece uma biblioteca de qualidade, não apenas o curso primário, numa crítica à visão reducionista relacionada à realidade das comunidades.
Nas apresentações dos novos Quebradeiros, aconteceu de tudo: música, dança, conto, poesia, manipulação de bonecos, artesanato, mas principalmente uma vontade de transformar a si mesmo e ao seu território.
Os novos Quebradeiros têm a alma Quebradeira. Todos manifestaram orgulho de suas origens e as mostraram nas suas apresentações. Pessoas comuns, amantes da arte e da cultura, que, em alguns casos, encontraram na arte uma forma de geração de renda e acabaram encontrando a si mesmos, despertando seus talentos e descobrindo capacidades que nem desconfiavam ter.
Havia uma “incredulidade” no ar, dos professores em relação à qualidade dos trabalhos que surpreenderam a todos; daqueles que foram pela primeira vez à Biblioteca Parque de Manguinhos e ficaram extasiados; dos novos Quebradeiros, como se fosse um sonho bom.
Ao final das apresentações dos novos Quebradeiros, os veteranos de 2011 os receberam cantando o Rap das Quebradas e com uma ciranda que “botou para quebrar” na BPM. Confraternização e acolhimento foram os ingredientes para receber a nova turma, demonstrando a disposição de união com os novos integrantes.
Todos ali presentes estão dispostos a transformar a si e ao seu mundo, mas talvez isso seja feito de forma automática, pois como disse Numa Ciro: “A Biblioteca Parque de Manguinhos é o lugar onde o mundo já está mudado”, é só se permitir, se abrir para as mudanças e para esse novo mundo, que se abrirá a todos os envolvidos.
Texto: Joana D’arc Liberato/Martinica