O músico, compositor, poeta e professor de Literatura Brasileira José Miguel Wisnik encantou a todos os presentes com sua aula/show, no dia 17/3, na UQ. Pianista de formação clássica, optou pela carreira de professor universitário, uma vez que assim pôde unir suas duas principais paixões: a música e a palavra.
Para ele, tudo na vida é ritmo, e nós, seres humanos, somos concebidos dentro de um universo de percussão, que é o coração da mãe, uma espécie de tambor matricial, cujas pulsações nos embalam desde o nosso primeiro sopro de vida; por isso o bebê reconhece a voz da mãe e se acalma com ela, mesmo não entendendo o que a mãe quer dizer. Para ele, essa voz é melodia e tem um sentido que não pode e nem precisa ser explicado. A voz da mãe é um continente onde o bebê se sente abrigado e compreendido. A música é mãe.
Nas mais diferentes sociedades e culturas, há uma ideia recorrente de que é o som quem cria o Cosmo, o mundo. A canção toca em camadas profundas do nosso ser. Camadas essas que ficam bem mais adiante do que é conhecido pelo nosso consciente. A memória trazida pela canção não é algo factual ou cronológico, mas sim uma memória afetiva e involuntária, que nos domina.
Dentre as inúmeras referências que Wisnik se utiliza para falar do poder da palavra cantada, ele optou por citar o livro Namoros com a medicina, de Mario de Andrade, cujo texto, Terapêutica Musical, discorre sobre o poder que a música exerce sobre cada um de nós, sobre o poder curativo e modificador que ela representa. A música confere força à palavra. (http://www.universidadedasquebradas.pacc.ufrj.br/pre-aula-2-poder-palavra-cantada-jose-miguel-wisnik/). O que é musicado tem muito mais impacto sobre nós porque é da ordem do indizível, do que não precisa ter significado aparente, do que age em todo o nosso corpo. A música é tátil.