O Brasil é o quinto país que mais violenta mulheres, de acordo o ranking mundial feito pelo Mapa da Violência de 2015. Também é onde uma mulher é assassinada a cada duas horas, considerando apenas os casos que são notificados. No domingo, 04 de dezembro, a Universidade das Quebradas (UQ), em parceria com a Festa Literária das Periferias (Flup) 2022, realizou, no Museu de Arte do Rio (MAR), o Dia da Escuta. A ação se dedicou a ouvir mulheres que viveram ou vivem situações de violência doméstica, e a transformar essas escutas em arte. A proposta desejou acolher essas mulheres e ressignificar suas dores em expressões artísticas, que foram expostas no Centro de Artes da Maré, no dia 06, terça-feira. Ambos os eventos foram abertos ao público.
As produções poéticas, feitas a partir dos relatos das mulheres que participaram do Dia da Escuta, foram desenvolvidas por mais de 10 artistas em diversas linguagens (escrita, falada, visual…). As artes produzidas passaram pelo olhar de mulheres curadoras e, a partir disso, foi feita a montagem da exposição ‘Escutatórias Afetivas por um Museu da Sororidade’, exibida posteriormente no Centro de Artes da Maré.
O evento contou tanto com artistas curadoras quanto com curadoras facilitadoras, Heloisa Buarque de Hollanda, Carolina Ruoso, Drica Madeira e Silvia Capanema, que auxiliaram na seleção. Elas foram orientadas pela coordenadora do curso de Extensão Universidade das Quebradas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Heloisa Buarque de Hollanda, e pela professora de Teoria e História da Arte da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenadora do Laboratório de Curadoria de Exposições Bisi Silva do Grupo Estopim, Carolina Ruoso
Sobre as artistas curadoras envolvidas na exposição:
Leila Medeiros
Maristela Pessoa
Katianne Berquiolli
Luiza Jambeiro
Anna Carla Rosa
Roberta Damasco
Ana Lima
Denise Kosta
Giselle Parno
Rozzi Brasil
Lourdes Maria
Como surgiu?
A inspiração para a exposição que aconteceu na Maré veio de um encontro de junho de 2022 no atelier de museologia social em Aubervilliers, França. O projeto propôs um museu popular e participativo. O atelier foi organizado por Silvia Capanema, da Universidade de Sorbonne, Paris, e Carolina Ruoso, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A partir disso, pensaram na criação do Dia da Escuta, visando mobilizar mulheres, criando um museu, para promover uma rede de apoio e visibilidade, tanto para as dores quanto para o potencial artístico dessas pessoas.
Sobre a Flup:
A Flup é uma festa literária internacional, que busca acontecer em lugares, normalmente, excluídos de outros eventos literários, na cidade do Rio de Janeiro. A Festa já passou por lugares como Morro dos Prazeres, Vigário Geral, Mangueira e muitos outros locais periféricos do Rio. A Flup já ganhou prêmios relevantes, como o Faz diferença de 2012, o Awards Excellence de 2016, o Retratos da Leitura de 2016 e o Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura. Neste ano, entre os dias 5 a 11 de dezembro, a Festa Literária realizará sua 12ª edição com a ‘Maré de Periferias’, no Centro de Artes da Maré.
“Pode-se atribuir à Flup a emergência da primeira geração de escritores oriundos das favelas cariocas.”
Site da Flup 2022