Um dos gêneros de programa de televisão mais populares no país, devido à identificação do público com as personagens, é a novela. Esse universo foi apresentado por Guilherme Vasconcelos, que já começou apresentando as diferentes categorizações da arte pelos artistas: o teatro é a arte do ator, o cinema do diretor e a televisão do patrocinador, o que a torna uma arte “bastarda”. Com isso, a novela como principal arte da televisão se torna um produto contraditório, por ao mesmo tempo preservar os valores e contestá-los.
Guilherme mostrou alguns cartazes de novelas como Vale Tudo, Que Rei Sou Eu, entre outras, para apontar exemplos de contradição neste tipo de narrativa. Ele apresentou a novela como uma forma mítica, cuja utilidade é traduzir o mundo em narrativa. O professor demonstrou que a vida é contada em histórias, que ajudam a entender a psique humana e se caracterizam por: narrativa, ética e ritual.
A novela pertence ao gênero literário do melodrama, nascido na Revolução Francesa (1789), que significa drama em forma de música e tem sua base histórica no teatro grego. Os elementos do melodrama são: a força do destino, sacrifícios pessoais, o duelo entre bem e mal, moralidade, coincidências, mobilidade social e sentimentalismo. A novela precisa se comunicar com todos, é exagerada, espetacular e pode ser cômica. Quatro personagens são fundamentais na novela: a mocinha, o herói, o vilão e o bobo.
A novela acompanha a sociedade e muitas vezes a reflete. Usa o simbolismo para identificar o caráter das personagens. É o principal gênero da indústria cultural narrativa nacional.
A teledramaturgia como conhecemos no Brasil teve origem na Soap Opera americana, traduzida como Novela de Sabão, era um produto de capítulos rápidos que tinha como objetivo vender sabão em pó. As empresas de sabão contratavam agências que produziam o roteiro, escolhiam o elenco e realizavam a novela, que surgiu inicialmente no rádio. A 1ª rádio novela foi em 1941; “Em busca da felicidade”. Já “Beto Rockefeler” foi a 1ª novela a retratar a realidade nacional, instituindo um padrão para as suas sucessoras. “Véu de Noiva” é a 1ª exibida em rede de televisão, o que, se por um lado massifica e pode ser negativo, por outro é muito mais viável economicamente.
No fim da aula, quando se abriu a discussão e surgiu a questão da proximidade da novela com a realidade houve uma contestação por parte dos quebradeiros, por não se sentirem representados enquanto periferia. “Até o pobre na novela é diferente. A periferia e a favela não estão representadas de forma real”, destacou Luciano Garcia. E para encerrar cabe a questão: será que os vidros da “janela para o mundo” (televisão) estão mesmo limpos?
Texto Joana D’arc Liberato
Foto: “Inside the Film Production campus” por vancouverfilmschool