Nosso último encontro foi com a professora Beá Meira, que iniciou seu trabalho falando da importância de estudar o Romantismo, movimento estético que acontece com o surgimento da sociedade burguesa.
A professora falou inicialmente do Iluminismo; sistema filosófico que provocou uma revolução no pensamento da época. Questionando a subserviência ao rei, pensadores como Voltaire, Rousseau e Diderot defenderam a ideia de que o homem nasce livre, deve servir a si mesmo e buscar a felicidade. O lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade exaltado da Revolução Francesa, que derrubou o regime monárquico na França em 1789, expressa este pensamento.
Na sequência, a professora falou sobre a produção estética associada ao movimento revolucionário, que retomou os ideais da antiga Roma republicana e foi chamada de Neoclássica. O Neoclassicismo defendia a volta da razão, os valores universais como justiça e heroism, o que resultou em soluções estéticas simples e elegantes. Beá explicou que o Iluminismo produziu uma era da razão, mas, por outro lado, fez surgir uma onda de sentimentalismo que durou por quase um século; o Romantismo.
Em oposição ao Neoclassicismo o Romantismo é marcado pela emoção, imaginação e liberdade. Os artistas românticos queriam expressar sua visão de mundo, a subjetividade. O artista romântico vai olhar para fora do seu contexto, vai se interessar pela dor do outro.
Ao analisar a obra do artista espanhol Goya, Três de maio de 1808, Beá Meira explicou o contexto em que esta imagem foi realizada: após a Revolução Francesa, que foi inicialmente um movimento de massa, houve um golpe de estado, quando o general Napoleão Bonaparte tomou o poder em nome da burguesia. Napoleão colocou em ação um plano de conquista da Europa, e invadiu a Espanha. Goya tomado por sentimentos contraditórios, acreditava que Napoleão traria mudanças para seu país, mas o conflito trouxe apenas sofrimento. Nesta obra o artista espanhol retrata um massacre ocorrido em 1808, em que um grupo de madrilenhos é executado por soldados franceses. A pintura, um marco na história da arte, mostra uma cena de conquista pelo olhar do oprimido.
A invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão acarretam a mudança da corte portuguesa para o Brasil. A chegada do rei D. João VI transformou o Rio de Janeiro em sede do governo. Entre outras ações, D. João VI trouxe a Missão francesa, constituída de artistas Bonapartistas, que com a queda de Napoleão, em 1815, buscaram refúgio no Brasil com um projeto de estabelecer aqui uma Academia de Arte.
Na sequência, a professora desenvolveu uma dinâmica na qual a turma se reuniu em grupos, para trabalhar com textos e imagens previamente selecionados. Depois de alguns minutos de debate, cada grupo apresentou uma das seis obras escolhidas para compor um painel sobre o século XIX no Brasil, tais como; o pano de boca para coroação de D. Pedro, de Debret; o retrato do marinheiro Simão que salvou vidas em um naufrágio; a pintura A Primeira Missa no Brasil, de Vítor Meireles e a fotografia índios Bororó de Marc Ferrez.
As apresentações foram muito interessantes. Os quebradeiros mostraram divergências em suas abordagens, o que enriqueceu o debate e a polêmica. Eles não se restringiram a apresentar as visões oficiais a respeito dos trabalhos mas mostraram que são capazes de fazer analises críticas e construir discursos inovadores a partir de imagens históricas bastante conhecidas.
(Por: Wanda Lúcia Batista –Bolsista PIBEX – Faculdade de Medicina – T.O )