Arte, rap, diversão e alto astral. Esse foi o clima da festa de encerramento do semestre de 2012 da Universidade das Quebradas. O evento aconteceu na tarde desta terça-feira, dia 18 de dezembro. Na porta de entrada, todos eram convidados a deixar um recado filmado para as Quebradas.
“Foi uma experiência muito válida. Fiz grandes amigos e muitos contatos. O melhor de tudo foi a troca. Dizem que as Quebradas é um lugar difícil de entrar, mas acho que, na verdade, é difícil de sair. Esse ano passou muito rápido”, contou Marco Andrade.
“Minha experiência nas Quebradas começou quando o Leandro Firmino me trouxe para assistir uma aula. Aqui encontrei amigos, que já conheço há anos, como o Feijah’N e o Cassiano Gomes. E aí me apaixonei com essa proposta maravilhosa”, disse Sandra Lima.
No hall de entrada, aconteceu a exposição virtual de imagens e trabalhos multimídias de Denise Kosta e Hare. O vídeo Quebra-cabeças ganhou destaque. Com fotos de vários cabelos de quebradeiros, o desafio era saber quem era quem.
“Eu acho que essa troca de saberes e fazeres foi uma vivência importante, foi um verdadeiro intercâmbio cultural entre pessoas de diferentes regiões do Rio de Janeiro. E essa troca acaba agregando experiências, modificando seu próprio processo” , contou Pablo Ramoz.
No salão principal, Marilene Gonçalves fez tererês de várias cores com sua técnica do afeto e do cafuné. Nélson Crisóstonomo expôs suas blusas coloridas. “Assim que houve a abolição dos escravos, muitas famílias vieram para o Rio de Janeiro. Elas reciclavam e consertavam diversos objetos. Minha família fazia isso”. A coloração dos tecidos é feito a partir de um processo africano, no qual você dobra o tecido e faz com que o tingimento migre para o pano. “Nasci com essa técnica e me encantei com essa forma de resistência, que é usada nos quilombos”, disse Nélson.
“A experiência foi muito maravilhosa. A cada aula me sentia mais revigorada, principalmente, nas da professora Sandra Portugal. As aulas dela entrosam muita gente, e isso vou levar para os meus alunos do projeto Bandeirantes Já, em Vargem Pequena”, falou Edna Costa.
“A Universidade das Quebradas foi um divisor de águas. Vejo agora de forma bem diferente a situação da cultura, e quero passar isso para os meus alunos. Com os desafios das Quebradas, tenho me surpreendido comigo mesma, eles estão revelando meu ser”, disse Débora Vieira.
Na varanda, acontecia a exposição Fé na Paisagem de Jussara Santos. Vários painéis mostravam pontos turísticos da cidade e encantavam os quebradeiros.
Heloisa Buarque de Hollanda deu início a festa, agradeceu a presença de todos e chamou ao palco o coordenador do Fórum de Ciência e Cultura, Carlos Bernardo Vainer. Ele contou que chegou ao Fórum em março, e disse que toda vez que entrava no Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, olhava o salão cheio de quebradeiros e sentia inveja por querer estar ali. “Vocês estão vivendo um processo muito rico. É uma grande satisfação ter a presença de vocês aqui”. Vainer falou sobre a falta de interação entre a universidade e a cidade, e vice-versa. “Nossa missão é reaproximar os dois”.
Fernanda Jaguaribe assumiu o microfone e convidou as coordenadoras Silvia Soter, Ângela Carneiro, Sandra Portugal e Heloisa Buarque de Hollanda para subirem no palco. Como a professora Beá Meira não pode comparecer a festa, um vídeo gravado por ela foi ao ar. Beá agradeceu a presença de todos e lembrou aos quebradeiros que essa é apenas a metade do caminho, porque 2013 promete.
Ângela Carneiro falou sobre os Territórios. Agradeceu a coragem de todos aqueles que apresentaram seus trabalhos e projetos. Sandra Portugal falou sobre o alto desempenho dos quebradeiros nas aulas de Linguagem e Expressão. Silvia Soter retomou a fala de Vainer e disse que as saídas culturais ajudam no diálogo entre a universidade e a cidade.
Chega a hora de BNegão subir ao palco. “Quero dizer que estou muito feliz de estar aqui neste momento. Melhor fazer logo o que sei fazer”. O rapper cantou e agitou os quebradeiros, que dançaram, aplaudiram e cantaram juntos. BNegão também fez um rap de improviso.
“Cheguei aqui meio que sem saber muito sobre o que ia encontrar e logo vi vários amigos. Eu me sinto muito bem fazendo minha parte. Sou de comunidade, e quando vejo um projeto como esse para jovens de favelas fico muito feliz. É muito gostoso estar aqui”, contou André Ramiro.
“Eu acredito na informação circulando. Estar aqui com a galera que faz isso é uma grande alegria, principalmente, na festa de encerramento de um ciclo”, disse BNegão.
A festa reuniu quebradeiros, familiares e amigos. O semestre chega ao fim, mas em 2013 tem muito mais Quebradas! Boas Festas!
Por Mariana Mauro (Bolsista PIBEX – ECO/UFRJ )
18/12/12
Fotos do encarramento: Toinho Castro