Para retomar o debate sobre o Romantismo, a professora Cláudia Matos dominou a última aula da Universidade das Quebradas e levou os Quebradeiros para uma viagem ao mundo da poesia e da ficção românticas no Brasil. Durante a primeira etapa do dia, o foco se voltou para o surgimento e ascenção do movimento no país, com Gonçalves Dias como seu maior expoente. Já no segundo momento, a produção de ficção romântica no país foi explorada, trazendo para discussão o livro clássico de José de Alencar, Iracema.
O cenário de crescimento do Romantismo no Brasil foi em meio à ascenção da burguesia e à ampliação da classe média, fato que possibilitou a popularização do movimento no meio do século XIX. “O indianismo é o motor desse primeiro momento, movido, principalmente, pela poesia de Gonçalves de Magalhães”, explicou Cláudia. Foi na figura deste autor que o povo brasileiro viu o nascimento da literatura romântica, com o livro Suspiros poéticos e saudades.
O Romantismo só chegaria ao seu fim em 1881, com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Esse clássico da literatura nacional marca o surgimento do Realismo e do Naturalismo, vertentes literárias que dominaram o cenário e se opunham fortemente ao pensamento romântico.
Já a ficção romântica pode ser dividida em três momentos: o romance regionalista, com Inocência, de Visconde de Taunay, e O seminarista, de Bernado Guimarães; romances urbanos, com Viunvinha e 5 minutos, ambos de José de Alencar; e romances históricos, com Iracema e O Guarani, também de Alencar.
Segundo a professora, “É possível se pensar e elaborar uma literatura com características próprias”. Uma das marcas mais pronunciadas nos livros brasileiros é, sem dúvidas, a presença do índio – e um dos melhores exemplos é Iracema, a índia tabajara que se apaixonou por um branco e abandonou sua tribo e sua predestinação – como virgem de Tupã – para viver um grande amor.
Ainda no mesmo dia, para se provar que nem só de Quebradeiros nacionais se faz a Universidade das Quebradas, a UQ teve o prazer de receber a visita do professor Nelson Vieria, da Brown University, renomada universidade norte-americana. Vieira tem um extenso trabalho em pesquisas de literatura brasileira, incluindo a produção da periferia, e ministra há mais de 30 anos o tema nos Estados Unidos. Além disso, é, atualmente, pesquisador do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC/UFRJ).
Um pouco de tempero internacional para nossa mistura!