Aula da coordenadora da UQ Beá Meira encerra o semestre do LabB de terapia ocupacional
Mais uma vez o curso de terapia ocupacional da Faculdade de Medicina recebeu visita da UQ, em uma parceria que se fortalece cada vez mais: o conhecimento produzido na Universidade das Quebradas (UQ) e outros cursos da UFRJ.
A coordenadora da Universidade das Quebradas Beá Meira falou de um tema de sua predileção: “Arte para todos”, em que a arte saiu dos museus, palácios e palacetes para ser vivida e sentida por todos.
Beá relembrou, já no início da aula, as ações do uso da arte como forma de terapia empreendida pela doutora Nise da Silveira (1905-1999), pioneira da terapia ocupacional no Brasil desde a década de 1940. Ela afirmou que a proposta de Nise da Silveira estava inserida num movimento maior de expansão da ação da arte sobre a sociedade no pós- guerra. Por meio de iniciativas como a criação do Museu do Inconsciente, em 1952, e a fundação da Escolinha de Artes do Brasil, em 1948, pelo artista e educador Augusto Rodrigues (1913-1993), a força transformadora da arte começou a ser aceita nos meios pedagógicos e científicos brasileiros.
Depois do movimento contestador de 1968, na França, o foco da luta contra o sistema capitalista começou a mudar gradualmente, passando das questões econômicas e políticas, para um ativismo voltado ao potencial transformador da cultura.
Beá relacionou a ampliação do conceito de arte ao trabalho de Hélio Oiticica, com seu “parangolé”, símbolo de mudança da forma de produção da arte, em que o público passa a participar da obra com o próprio corpo. Considerando essa mudança de conceito de obra de arte, o artista se vê como estimulador, aquele que convida o público a produzir arte e a participar da obra.
Beá Meira falou sobre a cultura digital, que possibilitou a democratização dos meios de produção artística e permitiu essa pluralidade de visões de mundo que nos cercam nas redes sociais, por exemplo, e destacou a importância para a educação dos três eixos de trabalho com a arte: CONTEXTO – FRUIÇÃO – AÇÃO.
Na última parte da palestra, a professora falou sobre a Universidade das Quebradas. Trata-se de um projeto desenvolvido pela pesquisadora Heloísa Buarque de Hollanda, com a proposta de criar um ambiente de pesquisa em que a população da periferia tivesse acesso aos saberes acadêmicos, oferecendo aulas teóricas inseridas no campo da cultura, e os “quebradeiros”, como são chamados os artistas que frequentam o curso de extensão, apresentassem o seu saber, suas ricas experiências num ambiente de troca de saberes.
Na sequência, tivemos a honra da presença da quebradeira Jussara Santos, que deu um depoimento encorajador, reunindo elementos que estimulam a todos a seguir seus projetos e arregaçar as mangas para vencerem obstáculos visando à realização por meio de sua produção artística. Jussara, generosamente, revelou o quanto é importante acreditar em si e lutar por isso, independentemente dos desafios. A Cidade Maravilhosa abraça essa sertaneja que ganha o mundo com a sua ousadia e seu ávido olhar sensível para registrar o que somente ela vê.
Nessa luminosa manhã, os alunos da UFRJ perceberam a importância desse intercâmbio de saberes. A UFRJ desenvolve uma nova ação de ensino, pesquisa e extensão promovendo o seguinte movimento: Quebradas na Universidade e Universidade das Quebradas, juntos e misturados.
Por Wanda Lúcia (Bolsista PIBEX/TO) – 13 de março de 2013