Onda Cidadã 2013 na Casa Grande

Acabo de voltar da Chapada do Araripe onde tive o prazer de conhecer a Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, Ceará. Foi uma daquelas experiências que marcam a nossa vida e ficam ressoando durante vários dias em nossas conversas.

Eu já conhecia Alemberg Quindins e Rosiane Limaverde, que assisti em uma apresentação da Fundação Casa Grande, no Encontro Internacional Arte/Educação como mediação, em 2008, aqui no Rio de Janeiro. Naquele dia, cheguei em casa e fui correndo divulgar a “Banda de lata” e o programa de rádio das crianças da Casa Grande. Mas conviver com as crianças, os coordenadores e as mães, no espaço acolhedor e informacional da casa, gera um impacto que só a realidade pode causar.

Nova Olinda se encontra próxima a um dos principais sítios paleontológicos brasileiros, uma verdadeira mina de fósseis da Formação Santana, com fósseis de peixes, pterossauros, répteis, aranhas, escorpiões, insetos, moluscos e plantas de aproximadamente 100 milhões de anos. A Casa Grande foi uma das construções fundadoras da cidade de Nova Olinda, um edifício cheio de história herdado por Alemberg, em ruínas, e reformado em 1992, para abrigar um espaço onde as crianças da região pudessem aprender, brincar e trabalhar.

A Casa Grande hoje reúne o Museu do Homem do Kariri, que guarda informações históricas e arqueológicas sobre a região, uma rádio, um estúdio de música, uma gibiteca, uma biblioteca, uma cinemateca, um teatro, um campinho de futebol e um parquinho. Tudo isso gerenciado pelos jovens e crianças, e para os jovens e as crianças. Podem imaginar uma rádio que vai ao ar todo dia com um repertório musical do jazz ao baião, entrevistas e contação de história, apresentada apenas por crianças? Tudo isso funciona há 20 anos. O projeto já foi Pontão de cultura, já teve patrocinadores públicos e privados e parcerias internacionais e com a prefeitura local. E sabe o que mais? Todo mundo sabe quanto entra de dinheiro no projeto e quanto se gasta. Os garotos são responsáveis por administrar também o dinheiro empregado na manutenção do espaço.

Fui convidada a participar do Fórum ‎Onda Cidadã pela segunda vez. Este ano tive a responsabilidade de falar na mesa de abertura com Jailson Silva, do Observatório de Favelas, para fomentar um debate com o tema: Educação não Formal e Redes Sociais – diálogos possíveis com o cotidiano escolar. Tive também a função de observar os debates do fórum com o objetivo de criar um registro do que aconteceu por lá. O Fórum, promovido pelo Itaú Cultural, reúne produtores autônomos de mídia, os chamados midialivristas. Um grupo de aproximadamente 40 pessoas de todo o Brasil se reuniu este ano para debater a Rede e a Rua e suas formas de organização e manifestação no Brasil.

Entre os convidados, algumas pessoas bem próximas da nossa rede: os conselheiros da UQ Ecio Salles e Dudu do Morro Agudo, a jornalista Jéssica Balbino, autora de Traficando conhecimento da coleção Tramas Urbanas, o poeta e compositor mineiro Makely Ka, companheiro e admirador da nossa querida Numa Ciro, Layane Holanda, artista do Núcleo do Dirceu, que já recebeu a Silvia Soter em Teresina e esteve visitando a UQ em 2012, e Janaína Melo, coordenadora da escola do Olhar do Museu de Arte do Rio, o MAR, que sediará a UQ na próxima edição.

Sobre a riqueza cultural e ambiental da chapada do Araripe, e o que foi conversado e debatido lá no Onda cidadã, eu conto em outro post. Por ora, vejam este vídeo que mostra brevemente o que rolou por lá.

 

 

E pra quem quiser saber mais visite o site da Fundação Casa Grande.

http://www.fundacaocasagrande.org.br/

Beá Meira é coordenadora pedagógica da UQ

Foto: Meninos da Fundação Casa Grande de Helio Filho