Por Leandro Araujo (Ordnael Ojuara) – Quebradeiro da 7ª edição da Universidade das Quebradas (2016) (*)
Eu, você contra o mundo
De cabeça erguida, me levanto pra vida
não há conselhos e nem medidas
que possam me ajudar
Sim, revejo os fatos, reconheço os erros
uma nova atitude vou tomar
Não nego o que sou, nem de onde eu vim,
mas vai ser assim que vou mudar
Não procuro guerra, mas posso guerrear
Não procuro luta, mas posso lutar
Busco paz de uma forma única
Não preciso de túnica
prefiro me revelar
Apagar o passado, esquecer o futuro
para que o presente eu possa encontrar
Como um barco a vela
levado pelo vento,
aproveito o momento
paro pra pescar
Sinto o sol, o cair da tarde
deitado na proa
admiro o luar
Só eu, o sol e a lua
e quem comigo
quiser estar,
em um novo mundo
onde tudo é novo
e o prazer e o gozo
possam se misturar
com cuidado, afeto, carinho
juntos, porém sozinho
sem ninguém para questionar
Só eu,você ,o sol e a lua em um
mundo novo, vamos desbravar…
You and me against the world
Negro verso, verso negro
Verso negro, negro verso
que conduz meu intelecto
e a cada dia que passa,
me deixa um pouco mais esperto
Seja em um dedo de prosa
ou braço de verso
no dispensar do conteúdo,
me vejo em auto reverso
Onde comecei ou vou terminar
isso pouco me importa
o meu prazer e sentir o cheiro,
sem precisar arrancar a rosa
Poder amar de coração aberto
sem precisar bancar o esperto
apenas me entregar,
como faço em meus versos
Negro verso, verso negro
e a dor que trago dos navios negreiros
senzalas, pau da fome, cativeiros
seja negro, cafuzo ou mulato,
acorrentados pelo capitão do mato
Negro verso, verso negro
Racismo, intolerância, chacota
quem disse que negro precisa de cota,
em meus autos reversos
Tu contradiz minhas respostas
negro e poeta e professor negro usa botas
negro sofreu no cativeiro e pede respostas
Por que negro até hoje sofre
vendo seus filhos serem mortos pelas costas…?