Conferência do professor Michel Poivert – A fotografia contemporânea: entre a arte e a sociedade na virada do século XX para o XXI

No dia 19 de agosto, o professor de História da Fotografia da Universidade de Paris 1, Michel Poivert, realizou a primeira das três conferencias que fará na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Michel Poivert é também professor da Escola do Louvre, diretor de pesquisa da l’École des Hautes Études en Sciences Sociales, além de curador e diretor de redação da revista Études photographiques.

O evento consistiu em um minicurso, que dá prosseguimento a questões que foram discutidas no curso de pós-graduação da PUC/UFF/UFRJ, “Práticas documentais e o lugar do espectador”, ministrado por Andréa França, José Benjamim Picado e Consuelo Lins. É também mais uma atividade do convênio da UFRJ com a Universidade de Paris 1.

Com o tema “A fotografia contemporânea: entre a arte e sociedade na virada do século XX para o XXI”. Poivert apresentou seus estudos e suas indagações sobre a fotografia contemporânea, trazendo questões como o fazer artístico da fotografia e a relação da fotografia com a história da arte, divididas em quatro tipologias.

A primeira fala sobre a fotografia experimental surgiu por volta dos anos 1950 e 1960, momento na história da fotografia em que ela começa a deixar de ser apenas um elemento de caráter documental. Neste seguimento, fotógrafos como Paolo Gioli (1942-), James Welling (1951-), Pierre Cordier (1933-), Sally Mann (1951-) e Liz Deschenes (1966-) produziram trabalhos em que testavam os elementos químicos e físicos que compõem a fotografia analógica na busca de um novo tipo de imagem.

Na segunda tipologia, Poivert discorreu sobre a “artização” do fotojornalismo. Com o fotojornalismo em crise econômica nos anos 1980, os fotógrafos passam a procurar outros mecanismos para que esta modalidade voltasse a ter destaque e importância, e é neste momento que muitos fotógrafos procuraram uma estetização fotográfica e até mesmo uma relação entre as fotografias jornalísticas e a história da arte. Como exemplo deste seguimento temos o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado (1944-), além de Susan Sontag (1933-2004), Joel Meyerovitz (1938-), Janes Notchwey  (1948-), Hocine Zaourar (1952-) e Samuel Aranda (1979-), vencedor do World Press Photo 2012, com a foto La Piedad que remete à Pietá de Michelangelo.

Na terceira tipologia foi colocada em questão a legitimação artística da fotografia. Pensar a questão artística na fotografia é um desafio, pois esta ora se mostra como arte, ora propõe ser apenas um registro documental. No cenário artístico atual, a fotografia vem ganhando cada vez mais distinção e espaço no mercado e nas críticas de arte. Artistas como Tomas Ruff (1958-) e Jeff Wall (1946-) se utilizam de temas abordados na História da Arte e trazem em suas obras uma série de inquietações. A grande questão da obra de Wall, por exemplo, é trazer a reflexão de que a arte só existe se houver um espectador para a obra.

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“O quarto destruído” (1978) – Jeff Wall
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“A morte de Sardanapalo” (1827) Delacoix

A quarta e última tipologia trata da utopia documental. Neste momento o autor falou sobre as questões metodológicas e o seu principal foco de pesquisa, que é a modificação da obra e a flutuação de valores no campo da fotografia.

A fotografia, desde a segunda metade do século XX, passa a não ser apenas um instrumento de documentação, mas, sobretudo, um instrumento que permite criar e induzir a criação de histórias.

Como últimos exemplos, Michel Poivert citou os artistas: Alan Sekula (1951-2013), Gilles Saussier (1965-) e Andrea Eichenberger (1976-).

Priscila Medeiros – Bolsista PIBEX PACC/UFRJ