Quem esteve na UQ na última terça, sabe bem do que estamos falando. O debate foi conduzido pelo Eddi MC, que com base no “Manifesto da Literatura Divergente ou Manifesto encruzilhador de caminhos” de Nelson Maca (disponível no site), fez o seguinte questionamento:
O que é considerado marginal, convergente ou divergente, dentro da produção dos Quebradeiros?
Em seguida, falou das mudanças que acontecem na sociedade, que fazem determinado movimento, que antes era tido como marginal, seja aceito e até mesmo prestigiado. Como exemplo, citou o samba, que foi perseguido no começo do século XX e hoje é uma referencia para representar o Brasil no mundo. Essa colocação abriu a discussão a respeito do que vem a ser uma cultura divergente.
O funk foi usado como exemplo. A quebradeira Joyce Fagundes, que pesquisa a moda no baile funk, falou sobre a forma como a mídia erotiza o funk, porque o funk incomoda. É claro que as mulheres se “produzem” de forma sensual, elas vão ao baile para conquistar. O que vai determinar se a roupa é vulgar ou não, são as relações de poder que se estabelecem. Jubal, entretanto, defendeu que a mensagem passada pelo funk é inadequada: “com letras que incitam as crianças a violência, o funk não pode ser considerado manifestação cultural”.
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Joannes chamou a atenção para o fato da industria cultural transformar o que é divergente em produto de massa. A professora Monique Andries, lembrou que o filósosfo e sociólogo alemão Theodor Adorno (1870-1941), já no início do século XX, apontou para o fato da industria cultural se apropriar das manifestações culturais e destituí-las de suas características mais próprias.
Alguns trechos do manifesto foram lidos, os quebradeiros consideraram o texto rebuscado, difícil. Feijah’N ressaltou que o texto não aponta para um caminho claro. A professora Angela Carneiro explicou que o manifesto não estava propondo uma oposição entre convergente e divergente,(como subitamente foi colocado), pelo contrário, estava sugerindo um caminho menos polarizado.
Sandra Portugal explicou que aquele texto era um manifesto, por ser escrito em tópicos, pode ser lido numa sequência ou em trechos separados, e que o documento avisa desde o título, ser um manifesto “encruzilhador”. Isto é, propõe uma discussão muito além da dialética ocidental (tese, antítese e síntese), “trata-se de um Exu geral, que nunca se acomoda e está sempre em movimento”.
Mas para saber mais mesmo sobre o debate vale ler a publicação do Petter MC: Marginal, periférico ou divergente?
Raquel Lima Bolsista PIBEX (UFRJ-FM-TO)