Ok. Dança Contemporânea. Lembro-me das longas conversas que tive na UQ, com nossa colega Jeane Lima, street dancer, cria em Contemporânea do professor Ivaldo Bertazzo (REDES-Maré). Foi quando lancei um primeiro olhar técnico sobre a dança artística, que busquei estudar e condensar em meu Território UQ [24/MAI/2011]. E, mais tarde, cresci com as aulas da professora Silvia Sotter!
As danças “do Hip Hop” eram vistas como algo kitsh, ralé, Arte de gostoso duvidoso, até o espetáculo H2 (2005), dirigido por Bruno Beltrão, responsável pela Cia. GRN, ou Grupo de Rua de Niterói. Tornou-se referência para qualquer um que busque entender o elo entre Contemporânea e as Street Dance – um envelope para vários estilos de danças urbanas, longe da cultura Hip Hop strictu sensus.
Sobre o assunto, a professora passou noções de Dança Contemporânea, resumiu próximo a isso: expressões livres dos enredos e dramas cênicos; valorização de movimentos puros; a incidentalidade da música; em peças criadas para passar uma ideia, um conceito. Transportando essa base para as Street Dance, teremos um debruçar-se sobre sua materialidade, ou seja, o corpo gestual presente nesse pacote de estilos – algo globalizado.
Na Saída Cultural UQ de 2012 foi o espetáculo 1000 Casas, do Núcleo Dirceu – que até possui alguns dançarinos de rua… mas não cabe na mesma categoria, pois tratava-se de uma performance descolada da linguagem Street Dance. Nesse 2013, ao contrário, fomos ver a Cia. Urbana de Dança, de Sonia Destri Lie que assina a Arte, a coreografia, e tem nas Street Dances sua inspiração principal.
Foi o espetáculo “Eu Danço, 8 solos no geral”. Dessa experiência sublinho em sua estrutura geral uma dinâmica de fluxo/intervalo, símbolos antagônicos de cena, momentos coletivos separados daqueles individuais. Pelo texto subentende-se uma projeção micro/macro de um encontro de jovens num baile genérico, onde na realidade há divisões – linguagens específicas do Street Dance. Um “baile real” foi desconstruído, suas peças espalhadas, em arranjo próprio da Dança Contemporânea.
Nos “momentos coletivos” a coreografia nos mostra um sentimento pra cima, um “que legal!”, interação que remete ao prazer de um filme de ação, onde muitas coisas acontecem ao mesmo tempo. O mesmo sentimento que está presente num baile, no “estarmos juntos” e “em ação”, dançando. Notamos algo do legado da GRN, quando mostra técnica de “correria de costas” (pra trás), numa homenagem, como também vemos algo da dança Jazz. São outros níveis de “estarmos juntos”, que trazem historicidade a peça e ao conjunto das Street Dances.
Nos “momentos individuais”, ou solo, a trama coreográfica nos mostra algo já presente no encarte – a história de dança de cada um dos componentes. Os primeiros bailes, o envolvimento com os estilos, cada vivência com um baile de favela, ou da urbe mesmo. A cada não-rítmo, um solo mostra a evolução real de cada um, em sua linguagem de preferência – performance que pode ser percebida por especialistas em Street Dance.
Por fim, assistimos a esse lugar onírico, onde o dançarino “sempre quis chegar/estar”. Dimensão antropológica valorizada pela direção artística – que é a “Arte em sonho”, em Sonia Destri. As roupas informais, o sentimento de baile, “à vontade”, como o grupo se sente. Essa é uma história não contada, que exige um outro partilhar de sonhos e linguagens para que se possa perceber em profundidade. Espero ter me incluído! rss
Espero também ter ajudado ao público na apreciação deste tipo de espetáculo, que incluí as danças Breaking, Popping, Locking, Freestyle Hip Hop etc.. As Street Dances cada vez mais em cartaz – claro que sim!
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