A aula desta terça marcou o fim das atividades de 2013. Férias e muito trabalho pela frente! Não apenas o encerramento do ano, mas uma ótima parceria foram anunciados nesta aula. A partir de agora a Universidade das Quebradas esta integrada ao pós-doutorado da faculdade letras UFRJ. A boa noticia foi dada pela professora Heloisa Buarque de Hollanda durante a abertura do evento, com a presença da diretora da Faculdade de Letras Eleonora Ziller, do conselheiro das quebradas e fundador do Nós do Morro, Guti Fraga e a coordenadora do pós doc, Ilana Strozemberg, que falaram sobre o orgulho que é fazer parte de um projeto como a Universidade das Quebradas.
Em seguida foi exibido o filme da coreógrafa e cineasta Carmen Luz. Um belíssimo documentário que conta a história da perseverança de bailarinos e coreógrafos negros brasileiros, mostrando mestres consagrados e uma nova geração de criadores que pensam e questionam a história da dança negra no Brasil. Trazendo depoimentos de grandes artistas como: Edileusa Santos, Evandro Passos, Natan Rodrigues, Luciene Ramos, João Carlos Ramos, Augusto Omulu, André Bern, Rubens Barbot, Junia Bortolino, Elísio Pita, Clyde Morgan e muitos outros
O filme revela lutas contra o preconceito, conquistas e esperanças de artistas que dialogam com a sua ancestralidade, a política, e o espaço através do corpo, passando por vários estilos de dança como a dança afro, moderna, contemporânea, dança de salão e o break. Como diz Gilberto de Assis ainda nos primeiros minutos da película “dançar é não esquecer”. Ao fim a professora Elisa Larkin lembrou o nome de duas figuram importantes que lhe remeteram o filme João Elísio e Abigail Moura.
A mesa de debate após o filme contou com a participação dos quebradeiros Poeta Xandu e Jéssica Rangel e das professoras Eleonora Fabião, Silvia Soter, Liv Sovik com mediação de Ilana Strozemberg que fizeram perguntas a Carmem Luz. Carmem, falou que sua principal motivação para fazer o filme foi documentar as vozes e danças de artistas, pouco citados, mas muito importantes na história da cultura brasileira. Além disso ela queria que ficasse registrado a fala de cada um deles sobre seu trabalho; como pensam e compõem a dança, seja pela vertente da dança afro ou das demais.
Foram discutidos durante o debate temas como racismo, brasilidade, ancestralidade, e as dificuldades que o projeto sofreu. Foi lembrado pela professora Silvia Soter como ainda é raro bailarinos negros dentro do balett clássico, principalmente no corpo principal. Ela lembrou que até hoje o Theatro Municipal do Rio de Janeiro só contou com um único primeiro bailarino negro em todo a sua história.
Eleonora Fabião chamou atenção para a coreografia criada para o cinema e para os planos sequências muito cuidados e pensados a partir do movimento do corpo. Falou dos elementos espaciais e das escolhas de coreografias numa escada, num monte de entulho, e no mato. Carmem complementou ao dizer que a dança também consiste no envolvimento do corpo com o espaço e como o corpo pode interagir com o que é vivo.
A professora Liv falou um pouco sobre a história negra e racismo com embasamento em pensadores e teóricos sobre o tema. O poeta Xandu chamou atenção ao preconceito em lugares que ele imaginava que já estivessem superados como a UFBA. Jéssica Rangel encerrou o debate comentando sua experiência no campo da dança e o que ela tenta transmitir para as suas alunas em aula, exaltou o trabalho de Carmem, falando sobre o poder questionador que a dança pode ter e do reconhecer-se negra através da dança. Jéssica falou também sobre sua trajetória como professora em colégio particular, no grupo Folclorando e no Jongo da Lapa e Serrinha, afirmando que dentro da sala de aula as crianças entendem as diferenças entre ela que é negra e elas que são brancas, mas que aceitam e valorizam essa diferença de forma única.
Jéssica fechou sua fala ao afirmar que Carmem e todos os outros professores e coreógrafos apresentados no filme são missionários da dança e leu um belíssimo poema de sua autoria. Em resposta as colocações de Jéssica, Carmem lembrou que o preconceito é algo que ocorre também entre quatro paredes e sugeriu que a quebradeira sempre deixasse um pouco a porta de sua sala de aula aberta para que as realidades possam transitar pelas alunas.
Após o debate aconteceu o Sarau Capoeira Poética com a participação dos quebradeiros e convidados em seguida ouve o lançamentos dos livros Rio de Rimas de Nuno DV e Rio de Riscos de Rôssi Alves, ambos publicados pela editora Aeroplano. Os alunos de Nuno; MC PK e MC OIK, se apresentaram durante o lançamento. Houve ainda o sorteio de brindes e muita tapioca para encerrar o ano em grande estilo quebradeiro.
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Priscila Medeiros – Bolsista PIBEX PACC\UFRJ