A aula da Professora Madalena sobre Gonçalo M. Tavares foi visceral. A literatura de Gonçalo Tavares afeta o leitor sem devaneios: é direta, violenta. A aula não foi explicativa, foi sobre as ideias que encontramos na literatura. Avaliar a qualidade do autor também não foi uma questão: Dizer se um autor é bom ou não, é difícil e depende de quem lê.
Ao apresentar Gonçalo Tavares, Madalena expôs os principais temas presentes em sua obra: a dicotomia/loucura; a relação de domínio de pais sobre filhos; a oposição entre mente e corpo, comum na sociedade ocidental e a maldade humana.
Alguns desses temas são derivados do fato de Gonçalo se declarar como um escritor pós- Auschwitz. Theodor Adorno, filósofo alemão, foi um dos primeiros a questionar: Como é possível escrever poesia depois de Auschwitz?
Gonçalo, diz que escreve para:
- Investigar
- Desfamiliarizar, buscando maneiras novas de dizer
- Reparar, parando duas vezes para observar
- Sentir, ou seja, intensificar
Ensinar literatura é ensinar que ler é reler. Não há uma interpretação única do texto. Não há a forma hermenêutica, um sentido único. A linguagem deve por uma pedra no meio do caminho. Isso exige muito dos leitores, mas com paciência iremos encontrar uma preciosidade finalmente. Como em Proust, por exemplo.
É preciso lembrar, também, que a linguagem é uma convenção, e que existem novas e diversificadas maneiras de falar as coisas. A relação do autor com aquilo que escreve, é mais importante do que a sua assinatura. O autor tem que se ausentar do seu texto.
Segundo Gonçalo, a função de escritor é instalar desconforto, dúvida e não dar a mensagem direta. E ele ainda diz: Ninguém faz algo de novo a partir do zero.
Bárbara Reis – Bolsista Pibex PACC/UFRJ