No IV Território das Quebradas, os quebradeiros comprovaram mais uma vez que a periferia é fonte de grandes pensadores e produtores de conteúdo. Mensagens subliminares, imagem, linguagem, novas mídias e vídeos autorais foram os temas abordados por quatro alunos, em palestras interessantes e dinâmicas. Para apimentar o evento, dois importantes líderes de periferia vieram mostrar a todos como é possível acreditar em suas idéias.
Cristina Hace iniciou o debate, alertando-nos sobre mensagens que não são captadas pelos nossos olhos, apenas percebidas pelo cérebro. Segundo ela, as mensagens subliminares não estão no foco de nossa atenção nem estão perto de nossa percepção consciente, porém exercem fortes influências em nossas decisões futuras. Em seguida, Noelia Albuquerque falou da importância da imagem enquanto construtora de linguagem. “Uma boa imagem pode falar mais do que as próprias palavras, e é por isso que devemos conhecer o tipo de imagem que produzimos”, disse.
Denise Kosta, por sua vez, falou sobre a importância da imagem nas novas mídias. Com elas, podemos praticar a liberdade de expressão, democratizar a produção audiovisual e promover o intercâmbio de estética e conhecimento. “Um video simples no celular tem o poder de se transformar numa tela comunitária, dentro de uma periferia”, afirmou Denise. Tetsuo Takita finalizou a aula com o tema Vídeos na era do Youtube. Para ele, essas novas tecnologias nos proporcionam uma visão mais ampla sobre o mundo, porém fazem com que “vivamos em imagem, em uma vida repleta de ausência e superficialidades”.
Após a exposição dos quebradeiros, Edu Grau e Anderson França dividiram suas experiências próprias e incentivaram os alunos a construir projetos e produzir pensamento. Edu Grau foi o criador da primeira TV comunitária do complexo do Alemão. Ele acredita que, assim como da favela surgem grandes artistas, também podem surgir grandes intelectuais, que sobrevivam produzindo conteúdo. “Merecemos deixar de ser conteúdo e passar a produzí-lo”, afirmou Grau.
Já Anderson França é músico formado pela Unirio e trabalha focado em favelas, buscando subverter o injusto sistema vigente, em que os sonhadores têm pouca possibilidade de aparecer. “Descobri que a favela ensinava mais a mim do que eu a ela. Descobri que alimentar o sonho de outra pessoa é subverter o sistema”. Por isso ele criou a Dharma, a primeira agência publicitária que se dedica a inserir no mercado o conteúdo produzido em favelas. “Nunca deixe dizerem que seu projeto não vale nada, pois ele vale muito. Se você tem um sonho, compartilhe-o. O futuro da economia não é a retenção, mas sim o compartilhamento”, concluiu.
Fique ligado:
– Siga a agência publicitária Dharma no Twitter: @dharmaagência
– Entre em contato com Anderson França: andersonfrancarj@gmail.com
– Blog de Anderson França: http://diariodeumativista.blogspot.com
– Sítio da internet que analisa qualquer tipo de projeto: http://mandalah.com
– Empresa social inglesa que investe seu lucro em projetos de geração de água para comunidades carentes na África: http://www.waterone.org
Texto: Cibele Reschke de Borba, bolsista PIBEX 2011
Foto: Suélen Brito