O Canibal é uma revista eletrônica editada pelos jornalistas Clarisse Meireles e Juliano Borges. Nasceu este ano, com dentes afiados. Quer mamar e morder. Tira pedaço dos antepassados e dos antepresentes. Vê o mundo com olhos famintos.
É bárbaro. Pai, filho e o espirito de Oswald. O Carnaval é sua missa. Reconhece a contribuição milionária de todos os erros. Nenhuma fórmula lhe basta para a contemporânea expressão do mundo. É crédulo, pitoresco e meigo: a floresta e a escola. Só acredita em amor carnal e cresce a cada lambida.
É onívoro e guloso. Come de tudo e repete.
One for tomorrow, one just for today.
Traça Sarajane e seus petiscos expansionistas. “Vamos abrir a roda, enlarguecer”. Bora?
Devora Darcy Ribeiro e suas iguarias antropológicas.
“Quem somos nós, os brasileiros, feitos de tantos e tão variados contingentes humanos? A fusão deles todos em nós já se completou, está em curso, ou jamais se concluirá? Estaremos condenados a ser para sempre um povo multicolorido no plano racial e no cultural, haverá alguma característica distintiva dos brasileiros como povo, feito que está por gente vinda de toda parte?”
Só a antropofagia nos une?
O Canibal nasce no Rio de Janeiro abaixo da linha da pobreza. Saliva pela revisão dos critérios da distribuição da publicidade estatal para os meios de comunicação. Está convencido de que é dever do estado investir em saúde, educação, transporte, moradia e cultura. Hoje, se garante com uma ajuda dos amigos, mas quer mesmo crescer e dar de mamar a todos eles.
Alimenta-se de coletivismo, utopia e mestiçagem – a suruba socio-cultural que formou a Babilônia Tupy. A pureza é um mito, já dizia Helio Oiticica.
Nem pense em resistir: o Canibal também vai te comer.
Leia entrevista do quebradeiro Ludi Um na revista O Canibal.