Não deixe de ler o Manifesto Estéticas das Periferias, de Antonio Eleilson Leite, que inspirou a Mostra e Seminário Cultural Estéticas das Periferias
A periferia tão longe e tão perto.
A Cidade de São Paulo segrega a periferia socialmente, economicamente, esteticamente.
Em São Paulo, a força da grana destrói muito mais do que ergue coisas belas, mano Caetano.
Por mais que o povo não queira, a Cidade muitas vezes dá razão a Criolo: “Não existe amor em SP”
“A periferia nos une pela cor, pela dor e pelo amor”, conclama o poeta Sergio Vaz no seu Manifesto da Antropofagia Periférica.
Apesar das 34 pontes existentes sobre os rios Tietê e Pinheiros , os lados da cidade não se comunicam , justificando o nome da via que corre paralela aos seus leitos: Marginal.
“A vida é diferente da ponte pra cá”, diz os Racionais MC’s.
“Nóis é ponte e atravessa qualquer rio”, desafia o poeta Marco Pezão.
A ponte é ao mesmo tempo metáfora do encontro e da separação. A mostra estéticas das periferias quer a travessia, de lá para cá, de cá para lá, depende de onde se está.
Buscaremos o fluxo, o encontro, o diálogo. Queremos explorar conexões e conflitos, armas tramas urbanas. Artistas do Centro e da Periferia: Univos!
Reiteramos o Manifesto Oswaldiano:“A alegria é a prova dos nove”.
Oswald pregava em seu manifesto antroprofágico: “é preciso partir de uma profundo ateísmo para se chegar à ideia de Deus”. Entendemos que é preciso um profundo sentido periférico para se chegar a uma ideia de Centro.
Sem a Periferia não existe o Centro.
Pretendemos deslocar o Centro para a Periferia e a Periferia para o Centro. Inverter a lógica urbana desagregadora. Questionar esteriótipos. A periferia tão longe, pode estar perto. Judas perderá as botas nos bairros nobres. Os Jardins terá uma nova trilogia: Jardim Irene, Jardim Miriam, Jardim Angela. Assim como as três vilas: Mariana, Olimpia e Madalena cederão lugar para Vila Albertina, Vila Brasilândia e Vila Zilda.
Só a arte é capaz dessa subversão. ”No universo da cultura o centro está em toda parte” ensinou o jurista Miguel Reale, frase lapidar que está imortalizada na Praça do Relógio do Campus da USP no Butantã, do outro lado da ponte da Cidade Universitária.
A Mostra Estéticas da Periferia revelará que o circuito das artes da Cidade de São Paulo vai muito além do que sugere os guias culturais da Grande Imprensa, para os quais a cena cultural se restringe a pouco mais de 20 dos 96 distritos da Capital.
A arte estará em toda parte, principalmente na Periferia, onde o agito cultural é permanente, nas ruas, bares, galpões, praças, sacolões.
Leia mais também aqui no site da Universidade das Quebradas:
Estéticas das Periferias: Arte e Cultura nas bordas da Metrópole
Por Mariana Mauro (Bolsista PIBEX – ECO/UFRJ)
foto: Toinho Castro