Melhores comentários da semana

O post Linguagem e Expressão importa? estimulou os quebradeiros Fernando Chagas e Claudina Oliveira a expressar seus pensamentos.

Fernando Chagas:

A linguagem importa e muito, ela é primordial na vida do homem e o faz agir sobre o mundo. O que seria das nossas alegrias, tristezas, de nossos devaneios, inquietações e neuroses se não existisse a linguagem. Através dela o homem consegue salvar-se de si mesmo, consegue ressuscitar-se e se imortalizar diante da vida, diante do mundo, a linguagem é uma certa concretude ou materialização da alma, dos sonhos, dos nossos mais íntimos e instintivos desejos.

Claudina Oliveira:

Expressão: Das entranhas da minha língua
Quando passei a prestar atenção nos fonemas, nos sinais gráficos, principalmente nas vírgulas e exclamações, um questionamento encantador se apoderou de mim, e uma ideia teimosa, sem resposta, porém muito atraente, endossou-me completamente: a visceralidade.

As palavras, no meu entendimento, é gesto. É pausa. É frenesi. É espasmo. É liberdade. É anseio. É música. É vento. É ar. É água. É mar. É semente. É terra. É vida. Mas é tanto e tudo isso, que às vezes me perco, e fico muda. Só no gesto.

O meu olhar é bicho-papão. Insaciável, em permanente busca de informações, que se misturam, se fundem, se transubstancia em verbos do infinitivo, ora numa angústia, ora num êxtase que eu nem sempre posso compartilhar.

Eu já me perguntei o por quê dessa busca, desse acúmulo, desses excessos inomináveis; e nas respostas, também recheadas de palavras, e de acentos tão confortáveis, encontrei mais dúvidas do que pontos ponderáveis. E, bem, se não sei pra-que-me-serve, se não sei pra-que-me-basta, vou vivendo tresloucada, com pitéus e baforadas.

Nesse curso previsível, dou-me ao luxo de arroubos: corro, pulo, tai-chi-chuan nem mais soletro, pois de caminhos e passadas, nos trilhos, ou embargada, vou me longe, a um infinito, sem certezas, esmiuçando naturezas bem fazeja…
Afinal, quê importam tais relíquias, sem apelos, sem encantos, sem discórdias, sem tulipas, nem endívias, sem constar fiel ao mundo?

É sentido, é espera, de sorver, rolar na língua, no céu de entranhas, o pleno exercício de viver constante.
E assim me incomodo sim, em cada instante, de não ter nenhum acento, nem vírgula, nem ponto, a enclausurar-me toda nesse eterno festim. Pois a vida, meu camarada, não é embrulho, nem garrafada de se levar tão sério assim.

No post Pós aula de Linguagem e Expressão A quebradeira Ruth Casoy comentou:

Linguagem e Expressão:
A vida é feita de substância, corpo/força e de sabedoria, linguagem/percepção: um jeito que a vida tem de comentar-se.
O caminho do meio é a natureza e a suas leis. Um amálgama das forças e suas inteligências. Suas dinâmicas. Suas interações.
A linguagem é um desdobramento invisível da língua, este órgão físico e da língua, este órgão simbólico, que como uma chave abrindo a fechadura, dá passagem, organiza e molda a voz, a fala, o alento, o som, a música e os significados que vem do âmago intestino do ser até a superfície dando vazão. Gerando espaços cheios e espaços vazios para a necessária movimentação dos fluxos vitais. Só para ser compartilhada, presenteada. Movimento este de abrir a porta que chamamos expressão.

Qual a importância de expressar/compartilhar?

A linguagem pré supõe fazer sentido. A busca de sentido para a vida nos faz mais inteligentes, mais plenos. Mais de bem com a vida. Não apenas um. Muitos sentidos.

Sentido se dá no encontro. No encaixe das peças que formam a língua/ linguagem, os riscos, os fonemas, as letras, as sílabas, as palavras, as frases, os textos, os contextos.

Os encaixes são emocionantes, pois expressam a complementaridade sempre perdida e reencontrada das partes da qual a vida é feita. Emoção é uma energia forte que evidencia a eficácia dos sinais. Quer dizer que os sinais da linguagem realmente abriram caminhos. Proporcionaram deslocamentos.

O encontro é o destino da busca, o sentido é sempre celebrado em algum encontro, de qualquer forma que isso se dê. Seja diante de um espelho, no cruzamento de olhares onde as retinas confirmam e honram o reconhecimento que a linguagem e sua expressão tanto buscaram.

A linguagem e sua respectiva expressão são infinitas. Diferente do corpo que é finito.
Um corpo sem linguagem? Um cadáver. Somos canais, apenas, quanto mais permeáveis mais ricos e potentes. Poderíamos pensar na linguagem dos animais, dos vegetais e dos minerais? Uma linguagem própria embutida em todas as formas de vida? Ou seriam estas linguagens apenas projeções da inteligência humana?
Pré existe uma lei fora da nossa capacidade de ler o mundo? Existe mesmo um mundo fora da nossa leitura?

A natureza pode ser vista como uma linguagem? Uma meta linguagem? Posso falar a língua do dia, da noite, dos ventos, do desabrochar? Ou só posso falar a minha língua?

Um terceiro lugar é o encontro da minha capacidade de expressão e compreensão com a realidade observada.
Assim vamos nos transformando… basta querer.