Brasileiro, filho de portugueses de origem humilde que prosperaram na colônia, Cláudio Manuel da Costa é uma personalidade intrigante da literatura brasileira. Grande intelectual e servidor da Coroa, além das sombras que cercam seu envolvimento junto à Inconfidência Mineira, foi autor de uma poesia repleta de dicotomias, impecável técnica que influenciou as gerações de poetas seguintes.
Formou-se no colégio dos jesuítas no Rio de Janeiro, onde estudou Camões e literatura Barroca. Aos 20 anos em Portugal estudou Direito na Universidade de Coimbra, entrando em contato com diversos pensadores e com o arcadismo. Apesar de completamente encantado pela Metrópole, após a morte de seu pai foi obrigado a voltar para a selvagem colônia a fim de cuidar da família, sendo este fato trágico de extrema importância para o seu desenvolvimento como escritor.
Ao retornar, Claudio Manuel se deparou com um cenário de degradação da natureza de Vila Rica, devido a extração do ouro, que trouxe desordem e a poluição das águas do rio, fato que denunciará constantemente em seus poemas, principalmente quando compara as águas do rio brasileiro aos rios portugueses.
Seus poemas possuem uma forma singular. Manuel da Costa adapta o modo de fazer literatura em Portugal á necessidade poética do Brasil, sem deixar de lado uma estrutura composta por técnica e erudição perfeitas, porém transita entre o Arcadismo e o Barroco. A ordem, a tranquilidade e beleza da metrópole dão lugar a selvageria, temor e desordem que a colônia vivia e que causava grande frustração no poeta e ao mesmo tempo vontade de fazer melhorias em sua terra natal.
Como Eduardo Coelho citou, Cláudio Manuel pode até ter sido o primeiro “poeta da gambiarra” ao fazer uma clara adaptação literária que se encaixava no modo de vida e na natureza brasileira, mas sua literatura composta por muitos sonetos e até por fábula, apesar de grande melancolia e frustração pela vida local, é até hoje uma referência do pensamento sobre o país no período colonial.
Alcançou êxito publicando seus poemas em Portugal e os difundido nas províncias brasileiras, fazendo com que algo inédito até então ocorresse na colônia. Era a primeira vez que um brasileiro viria a influenciar outros brasileiros como Tomás Antônio Gonzaga autor de Marília de Dirceu.
Obras:
Culto Métrico, 1749.
Munúsculo Métrico,1751.
Epicédio, 1753.
Obras (sonetos, epicédios, romances, éclogas, epístolas, liras), 1768.
O Parnaso Obsequioso, 1768.
Vila Rica, 1773.
Poesias Manuscritas, 1779.
Para saber mais:
VERÍSSIMO, José. História da Literatura Brasileira.
A Poesia dos Inconfidentes, Obra completa de Cláudio Manuel da Costa – Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 2002.
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DIFERENÇA ENTRE BARROCO E ARCADISMO:
BARROCO: expressa-se pela dualidade, pelo contraste exemplo: alma X corpo. Tendência ao exagero, à irregularidade, ao prolixo, ao rebuscamento.
ARCADISMO: surge em contraposição ao Barroco; buscou a simplicidade, a clareza, a valorização da natureza, a revalorização da Antiguidade Clássica através da mitologia.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arcadismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A1udio_Manuel_da_Costa
Priscila Medeiros – Bolsista PIBEX PACC\UFRJ
Imagem:Daniela Paita