Felippe começou a aula definido o artista como vetor de transformação social, e através do conceito delleuziano de Rizoma, objeto sem eixo, sem raiz e sem ordenação. Colocando que a pergunta; de onde vem e para onde vai? é irrelevante para esta abordagem da arte.
O professor afirmou que está interessado no índice, nos indícios e foi até a origem etimológica da palavra que além de significar tabela, lista, catálogo, relação, vem do latim índex, de indicador, indicar, apontar. O índice é um revelador, de uma pessoa para outra, de existências na matéria.
1. Indícios Físicos:
Uma marca, uma sombra, um traço, um rastro, um sintoma assim como a pintura e o pincel, a caligrafia, a dança são indícios físicos e revelam o tempo do fazer, a gestualidade. São o reflexo direto, o estado emocional, o próprio artista latente no trabalho.
A obra é um índice da persona, sempre existe uma pessoa por trás de um trabalho, uma ação. O autor está latente no seu gesto. Para exemplificar mostrou um trabalho do artista brasileiro; Almilcar de Castro (1920 – 2002).
A marca que o artista deixa no processo para chegar a imagem. O movimento vai acontecendo, na ação. É nesta ação que o artista é visto como vetor de transformação, abordagem política que considera o artista como um indivíduo que modifica o lugar onde está.
A marca individual, o valor do indivíduo é muito latente. O professor deu como exemplo o trabalho do escultor inglês Richard Long (1945), conhecido como o geógrafo do silêncio ou geógrafo do invisível,1967
Índice = dedo indicador = aquele que aponta.
Para exemplificar Felippe mostrou o trabalho do artista mexicano Gabriel Orozco (1962), My hands are my heart, de 1991.
A minha marca, a minha individualidade é uma manifestação política.
Ele resaltou que Giovani Morelli, Freud e Sherlock Holmes foram grandes leitores de índices. Eles encontravam a pessoa através dos indícios que deixavam, através da pintura, da fala ou de sinais do crime.
2. Indícios conceituais:
A arte conceitual é a decisão do artista, e só dele, naquele momento. A pessoa atrás do trabalho, a pessoa que tomou decisões, a pessoa que indicou.
Exemplificou o trabalho conceitual com a obra One and Three Chairs, realizada em 1965 pelo artista norte americano Joseph Kosuth (1945).
No século XX não precisamos mais de assinaturas, o artista é reconhecido não mais como um artífice, mas pela sua coerência conceitual, pelas suas decisões intelectuais.
A decisão é o desdobramento da existência do artista.
É o que diz a obra e as afirmações do precursor da arte conceitual, o artista francês Marcel Duchamp (1887 – 1968).
O dedo indicador aponta para o vazio e revela a questão do artista como um apontador. O artista tem o poder de revelar o invisível, a ausência. Nisso está o seu poder.
“O artista mais que retratar ele revela a realidade”, disse o espanhol Salvador Dali.
Neste momento o professor mostrou o trabalho do artista norte americano John Baldessari (1931), de 1969.
Ser observador de arte contemporânea é um trabalho duro.
O dedo indicador é um bulbo no rizoma de Delleuze. Neste momento da aula Felippe Moraes mostrou exemplos históricos em que é possível perceber o poder do artista como artífice, o poder de mostrar, de indicar, a mútua afirmação criador/criatura.
Raphael Sanzio (1483 -1520), Escola de Atenas, 1510
Leonardo da Vinci (1452 -1519), São João Batista, 1513
Joseph Ducreux (1735 – 1802), Retrato, 1793
Michelangelo (1475 – 1564), o Sopro de Deus, 1511
3. Quando a obra em si é a presença, a presença é a obra em si.
Para encerrar Felippe mostrou duas obras, que caracterizam o artista consciente de si e de seu trabalho como artista, a construção da persona do artista, da figura do artista, da marca do artista explícita em monograma e parte integrante da obra. Afirmação do artista na cena e na narrativa da imagem. A presença do divino está na frontalidade.
Ex: Albrecht Durer (1471 – 1528), Autorretrato,1484
A frontalidade nos ícones ortodoxos representam a presença do divino, reflexos do mundo sobrenatural, pois existem regras para mostrar a presença do mundo sobrenatural.
Eu estou aqui, eu sou o meu trabalho, eu faço as minhas ações de igual para igual.
Ex: Marina Abramovic, O artista é o presente, registro das performances, 2010
Rute Casoy assistente pedagógica da Universidade das Quebradas