Fui ver a coleção dos Ludwig aqui no CCBB do Rio e mesmo diante de Picasso e dos “48 retratos” de Richter e de Gottfried , (um diálogo entre a fotografia e a pintura) era ainda pouco para compartilhar com vocês a minha emoção.
Eu, uma fotógrafa intensa em todos os sentidos de “ser artista”, dizer que estive lá só por dizer ou bater uma foto em frente da monumental pintura de Gottfried na rotunda , não era suficiente. Não pra mim!
Fascinada pelo que está atrás das cortinas vermelhas de um espetáculo como este, fui ontem na palestra no CCBB vasculhar quem era O Colecionador Ludwig através do conhecimento profundo dos curadores dessa preciosa mostra.
Gostar de arte não era suficiente para o excêntrico casal alemão Peter e Irene Ludwig , eles se envolviam com ela como um exercício diário, disciplina e muito dinheiro no bolso, conviviam com os artistas famosos e com aqueles que “ainda” seriam reconhecidos, sem pré conceito. Basquiat por exemplo, não só conviveu como se envolveu intimamente com Peter, segundo o curador,
Sempre atentos às transformações políticas na Europa e em outros continentes, os Ludwig descolavam seu olhar para a produção artística de outros continentes e construíam, a partir das necessidades afetivas e não materiais, uma coleção que representa “a mente” de uma produção artística do século XX.
Em 1950 , os Ludwig decidiram doar o acervo privado para museus europeus, com o propósito de beneficiar o respeitável público, intelectual ou não, com a democratização da arte. Adorei essa parte!
Peter Ludwig teve um papel fundamental na arte pop americana dos anos 60, apostou nela todas as suas fichas como um bom jogador, e nos anos 80, o novo impulso artístico desse visionário seria a periferia, o ambiente que despontaria anos mais tarde, uma efervescência cultural que ressoa, como eco até hoje, felizes para sempre!
Eu queria ser amiga deles! Acho que eles iam gostar de mim, pelo que sou , e me odiariam por ser interesseira, pois me aproximaria deles pelo chocolate, principalmente pelo chocolate, depois pela sua sala de “estar- artista” e de Irene, uma mulher fascinante, que sem ela, provavelmente , Peter Ludwig não seria O COLECIONADOR!
Fotografei OS INUSITADOS!
Maria di Andrea é quebradeira da 4a edição da UQ