Davi Marcos, 34, escreve artigo defendendo a legalização das drogas. Como morador de favela, ele sente na pele o ônus da guerra contra o tráfico: “Décadas de guerra contra algumas drogas só nos mostram a ineficácia desta tática para a maioria do povo, que faz com que grandes empresas bélicas aumentem seu lucro. Gera-se o medo necessário para dar sentido a aparatos de segurança que nada fazem além de aumentar o medo. Temos que acabar com esse ciclo, que só gera mais violência e assim mais medo”, afirma
Quem prefere uma cerveja falsificada em vez de uma original, feita com controle de qualidade e higiene?
Você que é contra a violência gerada pelo tráfico de drogas, deveria ser o primeiro na luta pela legalização de todas as drogas que são vendidas nas favelas, nos subúrbios e aí perto da sua casa, porque a criminalização nunca impediu o comércio, só o torna violento e gerador de mortes de policiais, de traficantes e demais cidadãos que fazem parte, não por opção, dessa guerra diária. Legalizar é reduzir o poder daqueles que lucram com esse comércio, quem não apoia a legalização, acaba por apoiar milhares de mortes diárias.
As armas são de guerra, tiros de fuzil perfuram paredes como fosse faca quente na manteiga, quem está dentro das casas não está seguro, a maioria que morre não aparece nas notícias, só não pensa assim quem desconhece essa realidade de perto ou aqueles que absorveram o discurso dos que lucram com a proibição daquilo que se compra facilmente, na maior parte do mundo.
Décadas de guerra contra algumas drogas, só nos mostram a ineficácia desta tática para a maioria do povo, que faz com que grandes empresas bélicas aumentem seu lucro. Gera-se o medo necessário para dar sentido a aparatos de segurança que nada fazem além de aumentar o medo. Temos que acabar com esse ciclo, que só gera mais violência e assim mais medo.
As mortes pelo excesso no uso de determinadas drogas, não justificam o massacre de tantas pessoas inocentes numa guerra totalmente evitável, corta-se o lucro do tráfico na origem e assim realmente se combate a criminalidade do tráfico. O Estado geraria mais renda através dos impostos sobre indústria e comércio, de produtos que hoje são comercializados de forma ilegal, além de reduzir gradativamente o poder do traficante, pois o usuário passaria a consumir os produtos de empresas legalizadas, afinal quem prefere uma cerveja falsificada em vez de uma original, feita com controle de qualidade e higiene?
Texto e foto de Davi Marcos publicados no Favela 247
Davi Marcos, 34, fotógrafo, quebradeiro do Polo de Manguinhos.