A ave da metrópole
O poema tem seu manifesto
O poema dá aos pombos
O poema é comida jogada em praça pública aos pombos
O poema sobre um pombo
O poema traça pombos
O lado sujo da natureza
O poema é o lado limpo da hipocrisia
O poema voa
Aterrissa na janela
Na calçada
E se arrisca pelas ruas movimentadas
O poema é risco, a pedra no caminho
O risco do contato
O risco de estar desse lado
O poema dá aos pombos
O poema cumpre sentimento humano
O poema é arriscado, riscado
E tem pena
E também despena
Poema por poema, pena por pena
Os poemas têm seus manifestos
Anda em grupos, parceiros de caça
Vaga em finalidade no mundo
Voa pouco no incômodo
Voa logo em meio ao susto
Haja impulso
O poema dá aos pombos
Um lugar no mundo
(Rafaela Nogueira, do livro Confissões Monótonas, 2014)
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