Espetáculo: CRACKz
Cia. de Dança: Grupo de Rua de Niterói-GRN
Direção: Bruno Beltrão
Evento: Teatro João Caetano, 1º de novembro
Promoção: Festival Panorama 2013
O Festival Panorama 2013 apresenta um quadro de peças que encontra na A Sagração da Primavera, de Stravinsky (1913), um fio condutor para falar de rupturas com a ideia de uma Arte oficial. Fui assistir a peça no Municipal, no mesmo dia em que encontrei a colega quebradeira Jeane Lima no MAR – dentro do espetáculo “Retrospectiva”, de Xavier Le Roy. Uou! Mas disso falarei em outra oportunidade.
Na Sagração encontramos um deslocamento do Ballet Clássico em direção ao Moderno, quando as interações entre a obra e o público são mais diretas (noção de pan-eslavismo), quando traz os sonhos e a ciência para a ribalta, quando dispensa um enredo narrativo, desloca a 1ª bailarina para mostrá-la ao lado, dentro do conjunto do elenco.
Sua coreografia, então, é marcada pela liberdade empregada por Nijinsky, quando propõe movimentos puros, quedas, numa coreografia que mais nos lembra um show de street dance. Que corpos são esses? Que liberdade foi aquela?
Definitivamente trouxe para o público algumas obras de envolvimento entre Arte e plateia. Ora, a curadoria do Panorama parece estar jogando com esses sentidos!
Certo. Estivemos juntos no Teatro João Caetano assistimos o CRACKz e… O encarte da peça fala em “quebra de patente”, quando “crak” significa um termo da informática pra usar programas baixados “grátis”, piratas mesmo. Nesse sentido, uma parte do processo criativo de Bruno Beltrão incluiu um exercício: que o elenco buscasse nos vídeos do youtube movimentos para seus ensaios. A quem pertencem os movimentos?
Antes do espetáculo, apresentei o grupo através de um vídeo que gosto: era uma batalha de B.Boys, nervosa, cheia de desafios, quase brigas. No evento estavam alguns dos CRACKz, num momento em que se divertem, motivados pela dança de sua preferência. É o mote usado pelo diretor, ter seu elenco formado por essa antropologia dos bailes da periferia, das Danças de Rua e do Hip-Hop: seja o Breaking, o Hip Hop Freestyle, o Krumpping, Popping, Locking, Housing…
Então vimos que há tecnologias ocultas, mostradas no encarte. Vimos linguagens de street dance no palco, espalhadas em remix, debaixo de um som gutural, entre o concreto e o gótico, numa pegada de Dub-Step londrina… O que foi visto no palco? O que foi imaginado? Que cores são possíveis em nossa imaginação? O que afinal as Danças de Rua estão fazendo naquele lugar iluminado, os grandes palcos do mundo? Com esses [des-]pressupostos artísticos, será que algum quebradeiro seria capaz de trocar comigo?
Aguardo ansioso – quero palavras! desafios!
Poeta Xandu
[Mestre Quebradeiro + Zine ØØ yeahh!]
Festival Panorama:
http://panoramafestival.com/2013/programacao-completa/
_** tá ligado Batalha de breaking, né? isso é vandalismo, um encontro sinistro, que sai faísca, som no talo e muito James Brown encarnado na pista!
*****Abaixo: alguns do Crackerz [GRN] representando a família!
vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=81rbejQ8zWE&list=PLcMmY3WbHpC2AwLOX3syMO8657JL8oAsY&index=1