Como não poderia deixar de ser, a aula do professor Ericson Pires foi imperdível. Impregnados pelo romantismo brasileiro dentro do universo da poesia e da prosa, Quebradeiros e Quebradeiras experimentaram a profunda solidão e nostalgia em que o Homem romântico estava imerso.
A sensação de não pertencimento ao mundo, do amor não correspondido, a tentativa de se inserir na natureza, mas ao mesmo tempo se sentir solitário, aproxima sua imagem a de um suicida: “O Homem Romântico é aquele que morre de amores sem ao menos tocar a amada”. Passeando pelos “Sofrimentos do Jovem Werther”,de Goethe, no pensamento coletivo dos românticos alemães, indo ao Brasil em “Uma Noite na Taverna” de Álvares de Azevedo, o tom trágico e intenso tomou forma no Pólo de Manguinhos.
Ao final do século XVIII, há uma perda de sentido na vida e através do romantismo é feita a educação desse novo homem, solitário e idealista: “Para o homem romântico, é através de uma obra de arte que se entra em contato com Deus”.
Todos riram e se emocionaram com a récita de trechos de grandes poemas e músicas como “Navio Negreiro” de Castro Alves, “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias e Vicente Celestino com “Coração Materno”.
A aula contou também com a participação do poeta uruguaio Martín Barea Mattos, que recitou um lindo poema, que pode ser encontrado no seu livro “Por Hora Por Dia Por Mes”.
Abaixo, trechinhos pra quem ficou com o coração partido de não ter participado dessa aula:
Castro Alves: Navio Negreiro
‘Stamos em pleno mar… Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.
Gonçalves Dias: Canção do Exílio
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Vicente Celestino: Coração Materno
Disse um campônio à sua amada: “Minha idolatrada, diga o que quer
Por ti vou matar, vou roubar, embora tristezas me causes mulher
Provar quero eu que te quero, venero teus olhos, teu corpo, e teu ser
Mas diga, tua ordem espero, por ti não importa matar ou morrer”
E ela disse ao campônio, a brincar: “Se é verdade tua louca paixão
Parte já e pra mim vá buscar de tua mãe inteiro o coração”
E fique ligado! O clima de fossa coletivo contagiou a galera positivamente… Maura Santiago propôs que nos reuníssemos e compartilhássemos textos e músicas que nos tocam. Como exemplo, deu a belíssima música do querido Raulzito -Maçã e, em clima bem descontraído, marcamos o MACHUCA!
Traga você também a sua música, poesia ou arte, que deixa o seu coração machucado e vamos todos chorar juntos dia 20/10, e secar nossas lágrimas em um ombro amigo.
Abaixo, um trechinho de A Maçã – Raul Seixas só pra dar o clima…
“Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar…”
Aguarde mais informações…
Texto: Jessica Lagrota
Foto: “Stories From The Past” de Lin Pernille Photography – CC BY 2.0