Marcelo Campos manifestou interesse por arte desde cedo, pois gostava de desenho e audiovisual, mas desconhecia o termo “arte”. No ensino médio, desenvolveu trabalhos em audiovisual. Na faculdade, não encontrou o mesmo espaço de invenção do ensino médio, em virtude da ênfase na academia. Formou-se em comunicação na UFRJ. Ainda na graduação, foi trabalhar a obra do artista argentino radicado na Bahia, Carybé, com o qual se identificava no que se refere às figuras da religião afro-brasileiras pintadas pelo artista. No mestrado foi trabalhar culturas identidárias. No doutorado, buscou a antropologia da arte, pois queria juntar arte e identidade — estudava o que definia como “brasilidade”.
Para Marcelo, hoje as fronteiras entre arte erudita e popular estão borradas. Segundo ele, a arte está na produção de sentido e não na nomenclatura “erudito”, ou “popular”. Ao falar da exposição “Tarsila e mulheres modernas no Rio”, no MAR, faz uma explanação sobre a modernidade; ela é expansionista e quer agir também no social, transformando-o. Para a exposição foram estabelecidos alguns critérios, tais como: o gênero — mulheres e a questão da modernidade feminina; o período — 1890 a 1950; e o fato de as artistas terem vivido ou estado no Rio de Janeiro no momento da produção.
No processo de curadoria dessa exposição, a Universidade das Quebradas também esteve presente, representada pela quebradeira Elizabeth Manja, que fez parte da equipe de pesquisa curatorial, junto a pesquisadora Bia Morgado e a equipe de curadores formada por: Marcelo Campos, Paulo Herkenhoff, Nataraj Trinta e Hecilda Fadel.
Na abertura de nossa aula, Manja falou um pouco sobre sua experiência com o processo de curadoria dessa exposição, para ela, tal mostra transcende a questão estética, pela forma como o “ser mulher” vem carregado de sentido e implicações sociais, ainda que não seja esse, o foco da exposição, mas acaba sendo inevitável que esses questionamentos venham à tona.
Marcelo então mostrou nomes que fazem parte da exposição, demonstrando como os critérios a constituíram e como o resultado final demonstra os atravessamentos tão inerentes às relações sociais, como a própria Tarsila — uma mulher rica, que frequentava os centros e pintava cenas do cotidiano pobre e urbano. E também de Eufrásia Teixeira Leite, uma herdeira que deixou a fazenda do pai e enriqueceu sozinha numa época em que a mulher não possuía muitas oportunidades, mesmo sendo rica. Os Quebradeiros destacaram algumas mulheres na listagem e fizeram a correlação com outras de áreas distintas como a literatura, a música ou o teatro.
Ao final, todos desceram para visitar a exposição com o professor Marcelo Campos, e discutiram os seus aspectos.