Pós-aula 2: Estética do Grito

Bem vindo à nossa segunda pós-aula da turma 2014.2!

A aula do professor Charles Feitosa foi muito instigante. A abordagem que a filosofia emprega ao pensar a estética do grito fez os quebradeiros pensarem suas próprias ações culturais e artísticas. Leia a pós-aula e não se esqueça de comentar ao final! 🙂

Felipe Boaventura

Comunicação Universidade das Quebradas

 

O_Grito

(Quadro “O grito” de Edvard Munch)

 

por Felipe Boaventura

 

Nossa primeira aula de filosofia desse semestre teve o professor Charles Feitosa falando sobre a “estética do grito”. Antes de entrar no assunto propriamente dito, o professor discorreu sobre a “filosofia pop”, que busca um modo não tradicional de abordar a filosofia, ao considerar o que denomina de tranversões. É comum pensar a partir de pressupostos dicotômicos e não se dar conta disso. Exemplos disso são “bem x mal”, “verdade x mentira”, “forma x matéria” etc. que permeiam textos atitudes artísticas até daqueles que buscam novos assuntos, mas que no entanto incorrem no equívoco de partir dessas premissas. As versões induzem a se pensar necessariamente ou por um desses itens ou  ou pelo seu oposto — o que seria uma inversão da versão. Por exemplo: Pensar Arte através da versão “belo x feio” ou “feio x belo”. Dessa forma, é possível estar incorrendo apenas numa versão ou inversão do que é aceito pelo senso comum, ao invés de algo genuinamente novo.

Ao falar sobre o grito, uma de suas pesquisas, o professor Charles trouxe trechos de livros de Nietsche nos quais o filósofo parece desaconselhar o barulho/grito argumentando que ele impede a fineza do pensar, por exemplo. Falou das possíveis etimologias da palavra grito. QUITARE em latim que significaria chamar os quitare (cidadãos romanos), chamar por socorro. Trouxe exemplos de gritos famosos no rock e em filmes, como Pink Floyd e Tarzan. Apresentou uma compilação chamada “Grito de Wilhelm”, na qual o mesmo grito é usado em mais de 500 filmes. O estudo de casos como esse é um dos objetivos da filosofia pop.

Charles ainda trouxe como exemplo dessa nova abordagem da filosofia e também da expressão de grito, o quadro de Francis Bacon Study after Velazquez’s Portrait of Pope Innocent X. Segundo o professor, uma transversão do quadro “Pope Inocêncio X”, de Velásquez. Veja abaixo as duas obras.

francis-bacon-pope-innocente-x-velazquez-comparison

(Velásquez à esquerda. Francis Bacon à direita)

 

Ao final da aula, ilustrando as preocupações da filosofia pop e a questão do grito, Charles falou que a transversão é algo novo, que ainda não se sabe o que é, senão algo diferente das versões ou inversões. E que o debate sobre o grito feito pelo modo tradicional da filosofia seria a partir da dicotomia “belo x feio”, “alto x baixo”, e não de uma conjunção não dicotômica. O debate sobre a forma x matéria é secular e está em obras como Laocoon and his sons e onde discutiu-se o grito pelo viés ético e estético. Disse também que a voz é corpo, e que o grito é a materialidade desse corpo.

 

Laocoon and his sons

 

(Laocoon and his sons)

Link: Grito de Wilhelm: http://youtu.be/cdbYsoEasio