Por Georgina Martins
Roberto Charles Feitosa de Oliveira, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), doutor em Filosofia pela Albert-LudwigsUniversität Freiburg, da Alemanha, e pós-doutor em Filosofia pela Universidade de Potsdam, mais uma vez nos deu o privilégio de ouvi-lo na UQ.
Charles Feitosa é um provocador de reflexões, e a primeira provocação que ele nos faz é dizer que a filosofia é pop e, como tal, assim como a arte pop, ela é capaz de embaralhar todas as categorias do conhecimento. Para ele, o filósofo é aquele que não sabe e sabe que não sabe, diferente do que se acha um sábio, pois este também nada sabe, mas não sabe que não sabe. Nesse sentido, o que acha que sabe não se abre ao diálogo filosófico.
O filósofo sempre foi encarado como aquele que detém toda sabedoria do mundo, no entanto, essa condição não condiz com a gênese da palavra filosofia, que quer dizer curiosidade, desejo de saber. E por que é preciso saber? Porque o conhecimento nos tranquiliza. Saber como algo começou, ou mesmo como as coisas acontecem nos dá tranquilidade para viver no mundo.
O comportamento filosófico pode parecer inútil, mas é de extrema importância, e para exemplificar sua tese, Charles Feitosa faz uma analogia com o caminhar: andar em círculos, girar a 360º não nos leva a lugar nenhum — diferente de caminhar para a frente, para os lados ou para trás —, mas pode nos fazer descobrir em que lugar estamos, e isso sim é fundamental.
Filosofar é um constante admirar-se com o óbvio, é um olhar sempre novo para o que nos parece familiar. O filósofo é aquele que guarda em si o prazer infantil pela descoberta, é aquele que sempre pergunta.