Olá Quebradas!
A pós-aula da terceira aula na Letras no Fundão estão no ar!
A aula teve a exibição conjunta entre a UQ e o pós doc PACC do filme “Das nuvens pra baixo”. E tivemos também a primeira oficina do escritor residente do PACC, João Paulo Cuenca. Confira e ao final deixe seus comentários!
Felipe Boaventura
Comunicação da Universidade das Quebradas
por Octávio de Souza – Bolsista PIBEX PACC\UFRJ
No último encontro das Quebradas, na faculdade de Letras, em 28/08/14 foi exibido em primeira mão o filme ainda não finalizado de Marco Antônio Gonçalves e Eliska Altmam, Das nuvens pra baixo. Totalmente rodado na comunidade da Maré, ele nos leva numa viagem enriquecedora, por um viéis etnocêntrico que mescla documentário com interpretação de textos.
A película é uma espécie de transposição do diário da escritora Carolina Maria de Jesus, que celebraria seu centenário em 2014, interligando com a história pessoal de cinco personagens que, de certa forma, representam a força feminina dentro da comunidade. Os personagens são uma evangélica, uma mãe de família, uma dona de bar, uma dona de casa, entre outras. Carolina de Jesus foi uma mulher negra, mãe solteira de três filhos, migrante, catadora de papel, e há quarenta e cinco anos, quando ainda vivia numa das primeiras favelas da cidade de São Paulo, viu a edição de 30 mil exemplares de seu primeiro livro, Quarto de despejo, esgotar em três dias.
Questões como a maternidade e a fome são profundamente exploradas, pois eram assuntos recorrentes nos textos de Carolina. O complexo da Maré, composto por 15 favelas, foi escolhido não apenas pela sua magnitude e centralidade na cidade do Rio de Janeiro, mas também pelo fato possuir Unidades de Polícia Pacificadora dentro de seu território, o que interfere ativamente no dia a dia dos moradores.
Na segunda parte do encontro rolou um bate-papo bem interessante, e o início da oficina ministrada pelo escritor João Paulo Cuenca. Para ele, não existem fórmulas para escrever. O processo é algo individual e único. A literatura sempre foi e continua sendo um espaço para o debate, e ela não salva ninguém, ao contrário, pode até ser nociva. A escrita de Cuenca vem da sua necessidade de ler um texto que não existe, “Só escrevo para ler esse livro”.
Em seu último livro, A última madrugada, a cidade é o personagem central da trama. Baseado nisso, Cuenca propôs como exercício a criação de um parágrafo anônimo, escrito na primeira pessoa do singular, de 10 a 15 linhas, com a temática “O homem que cruza a cidade, a cidade que o homem”, sobre o seu caminho até a faculdade de Letras, localizada no Fundão. Esse texto deverá ser entregue no próximo encontro de forma anônima, para que haja mais abertura na hora da escrita e imparcialidade nos comentários que serão emitidos.