Não estou transpondo o terreiro para o espaço acadêmico. Estou pensando o mito, a tradição de Yorubá, e como ela nos faz provocações intelectuais.
Assistam o trecho em que o professor Renato Nogueira fala sobre as outras formas de diálogos culturais possíveis que a gente não conhece.
Nesta última terça-feira, o professor Renato Noguera iniciou nosso encontro apresentando as tradições dos povos Yorùbá e enfatizando as relações de gênero. Na mitologia Yorùba, Olorum e Olocum, definidos respectivamente como o sem limite, metáfora para o céu, e a senhora das águas são os primeiros orixás. Eles dão origem a Obatalá responsável pelos 401 orixás masculinos e Ododuá que cuida dos 400 orixás femininos. Ododuá cria o mundo, o Aiê, e Obatalá recebe a missão de criar o ser humano.
Na sequência ele falou dos primeiros conflitos entre Orixás masculinos e femininos. O segredo do Ifá, a ciência dos caminhos da vida, pertence Orunmilá, e apenas os homens tem acesso a ele. Organizadas por Obá, a única deusa que não se casou, as mulheres criam uma confraria para obter este conhecimento. Orunmilá reconhece o perigo que essa iniciativa representa e chama Xangô, belo, altivo e solteiro, para se casar com Obá e mais duas deusas que pertenciam a sociedade secreta: Iansã e Oxum. Xangô casa-se com as três deusas. As deusas disputam o desejo de Xangô e a sociedade se desarticula.
Este episódio representa a tensão ancestral entre orixás masculinos e femininos. Neste contexto, o professor fez referência ao sistema de sociedades policonjugais, para as quais o filho é um patrimônio, sem o filho não se atinge a eternidade.
Durante o encontro, ficou claro o objetivo de desenvolver uma linha de pensamento voltada a estudar o mito Yorùbá sem abordagem religiosa. Mas como uma ciência que se preocupa em promover uma vida mais feliz, através da compreensão da essência de cada um e dos caminhos possíveis.
Renato enfatizou a importância de nos debruçarmos sobre uma visão pluriversal e fechou o encontro com a indagação: Como fazer para levar uma vida mais feliz?
(Por: Wanda Lúcia Batista –Bolsista PIBEX – Fac. de Medicina UFRJ- T.O.)
Sugestões bibliográficas:
CASTRO, Ieda Pessoa de – Linguagens Africana noBrasil
JR, Eduardo Fonseca- Dicionário UNEP
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