Pré aula 8: Shakespeare Brasileiro – Paul Heritage

Leia e comente a pré aula Shakespeare brasileiro. A aula será no dia 05/05/15 no Auditório E-3 ( 2º andar da Faculdade de Letras – Fundão ).

 

Quando William Shakespeare nasceu, em 1564, a terra a que os europeus denominavam “Brasil” ainda era uma jovem colônia de Portugal, com contornos ainda pouco definidos enquanto sociedade. O mundo começava a se tornar global e Shakespeare emergia como um navegante do teatro, nessa época dos descobrimentos. Quatro séculos e meio depois, a obra de Shakespeare continua a ter uma enorme influência na cultura brasileira, britânica, e em todo o mundo. Muitas frases de conhecimento popular hoje em dia vieram do escritor, como: “A vida é um palco” (Como Gostais, 1599) e “Ser ou não ser, eis a questão” (Hamlet, 1602). Muitos dos maiores escritores globais, como Machado de Assis, foram fortemente influenciados pelo “bardo” ( termo que designa o poeta, no inglês do século XVI); e sua vida e obra foram adaptadas ao cinema inúmeras vezes.

Shakespeare nasceu na pequena cidade de Stratford-Upon-Avon, na Inglaterra. Muito da sua trajetória continua sendo um mistério, o que produziu teorias sobre a sua obra ter sido escrita por outras pessoas. No entanto, sabe-se que ele era filho de um comerciante bem sucedido, e que sua mãe era filha de um também rico proprietário de terras. Ele não estudou em universidade como outros escritores importantes de sua época, mas frequentou uma renomada escola na sua cidade natal.

O jovem Shakespeare logo mudou-se para Londres e começou sua carreira como poeta e ator. Já com as primeiras peças tornou-se um reconhecido dramaturgo da companhia de teatro Lord Chamberlain’s Company, depois batizada de The King’s Men, quando o rei James I assumiu o trono. Já no reinado anterior, da Rainha Elisabeth I, a companhia fez muito sucesso com as peças de Shakespeare, frequentemente apresentando-se para a corte, diante de sua Majestade, mas também tendo temporadas lotadas pelo público de todas as classes sociais. O autor foi reconhecido desde cedo pela crítica e público como um grande poeta e dramaturgo. Shakespeare tornou-se sócio da bem-sucedida companhia, que chegou a ser proprietária de mais de um teatro em Londres. Pelos registros de compra de propriedades da época, sabe-se que ele enriqueceu com seu trabalho como artista e sócio da companhia.

Autor prolífico, Shakespeare escreveu comédias, peças históricas e tragédias, além de vários poemas. Ele beneficiou-se de um tempo de relativa paz sob o reinado de Elisabeth I. Imediatamente antes dela, a Inglaterra havia passado por conturbados momentos de disputa entre protestantes e católicos, em que somente nos 5 anos do curto reinado de Maria I, 280 dissidentes da religião católica foram queimados em praça pública. Elisabete, restaurou o protestantismo como religião do Estado, mas de forma moderada, tolerando a expressão do catolicismo. Seguiu-se um período de prosperidade, em que ela estimulou as artes e criou uma campanha pela criação de uma cultura nacional em torno da língua inglesa (ao invés do Latim). Solteira por toda a vida, declarou-se casada com a própria Nação inglesa, encorajando uma retórica em que ela era a imperadora de um novo poder internacional de independência e grandeza. Apesar dessa relativa estabilidade, guerras, pestes, golpes políticos, assassinatos e naufrágios faziam parte da vida daquela Inglaterra, e eram de fato vivenciadas – pelo menos como narrativa muito próxima – pelos contemporâneos de Shakespeare.

É nesse contexto que ele produz sua obra. Suas narrativas se passam em diversos momentos da história, ou até em mundos fantásticos, e, quase invariavelmente, são concebidas em torno dessas situações-limite. Elas se provaram-se tão humanas que resistiram ao tempo. A linguagem em que criou sua obra é inevitavelmente distante de nós, não somente pela distância histórica, mas porque Shakespeare faz seus personagens falarem em momentos em que nos faltariam palavras para expressar o que sentimos. Sua linguagem é maior que a vida, e funciona como um modo de ampliar, na intensidade e na forma, aquilo que somos capazes de expressar com a fala e o pensamento.

Vamos pensar juntos o que e como Shakespeare significa para nós hoje.

Sugestão de leitura:

Preparar um dos sonetos de Shakespeare para debater sobre durante a aula
(http://www.miniweb.com.br/literatura/artigos/sonetos.pdf)