Texto escrito por Pedro Diego Rocha
O processo seletivo para a escolha dos participantes da edição 2016 da UQ 2016 chega a sua fase final. Nos dias 22, 23 e 24 de março, aconteceu a etapa de entrevistas, para a qual foram convocados 140 candidatos. Com perfis bem diferentes, a seletiva teve histórias interessantes de gente que corre atrás para colocar em prática seus propósitos e vê na UQ uma oportunidade de crescimento. O resultado será informado aqui no site da UQ na próxima terça-feira, 29 de março.
Entre os selecionados, pessoas das mais diversas áreas ligadas à cultura, como a jornalista Cintia Brand, de 30 anos, que soube da seleção pelas redes sociais da UQ. “Eu me inscrevi depois que fiz uma série de reportagens sobre cinemas no Estado do Rio e vi alguns problemas na área de gestão pública, eu me interessei mais por isso e busquei mais informações sobre políticas públicas de cultura”. Cintia explica que na UQ quer aprender o passo a passo da montagem e apresentação de projetos, captação de patrocínios e recursos e que pode ajudar os quebradeiros a organizar na comunicação, a divulgação e a organização deste processo.
Assistente de produção cultural, Carlos Henrique Vieira tem 27 anos, trabalha na Lona Cultural Herbert Vianna e mora no Complexo da Maré e lá faz trabalhos de produção e articulação de diversos tipos de evento. Decidiu se inscrever na UQ por uma questão de formação e pela proposta de trocas de experiências que o curso permite. “Espero poder me doar no sentido de poder passar as minhas vivências e o que sei sobre como fazer cultura dentro de uma favela, que é diferente do que se faz fora disso. E aprender também como é o outro lado, pois nunca trabalhei fora da favela, por exemplo, como alguém se porta “lá fora”, comenta o jovem, que soube do curso por meio de um amigo que já foi quebradeiro.
André de Jesus Luiz tem 40 anos e é profissional de marketing. Interessa-se pela área cultural do segmento em que trabalha e acredita na UQ como fonte de ajuda em seu objetivo. “Espero trazer um pouco que a gente adquiriu ao longo de quase de 20 anos nessa caminhada que perpassa pelo movimento negro, hip-hop, movimentos de igrejas, tanto católicas quanto evangélicas e absorver um pouco desse conhecimento acadêmico e levar de volta às comunidades”. Para ele, a maior dificuldade de quem trabalhar com cultura é a captação de recursos. André deseja conseguir bons parceiros, patrocinadores e profissionais para levar bons projetos às comunidades.
Rede de contatos é importante elemento conseguido na UQ
O encontro contou com a ajuda de quebradeiros de outras edições. Eles quem realizaram as entrevistas com os candidatos, ouvindo os relatos e perguntando, por exemplo, o que a pessoa tem a oferecer ao curso e qual sua relação com a periferia. Integrante da UQ desde 2011, a atriz circense Anick Lorena participou como entrevistadora e disse que, para fazer parte do curso, é preciso ter o desejo de ser quebradeiro e saber o mínimo sobre a proposta de troca de saberes dentro do viés arte e cultura.
Ela esclarece que fazer parte da UQ influenciou diretamente em sua vida com a questão da com a troca de informações de outros ativistas culturais, cada uma na sua quebrada. “Tem a galera da Baixada, da Zona Norte, de outros estados. E você vai conhecendo o que eles fazem e essa miscelânea que temos aqui semanalmente faz com que se tenha um aprendizado incrível, um acervo de informações que não tem preço e eu não vi em lugar nenhum. Já passei por vários cursos e atividades sócio-culturais e a UQ me proporcionou oportunidades incríveis e inenarráveis por conta de outros projetos que vão se criando”.