Texto escrito por Pedro Diego Rocha
A UQ já está a todo vapor para este ano. 157 candidatos foram entrevistados nos dias 7, 8 e 9 de março para a seleção da edição 2017 do curso. Entre eles, artistas, ativistas e produtores culturais, entre outras ocupações, com diversas motivações e interessados na troca de saberes e nas possibilidades que o projeto oferece. A publicação do resultado do processo final aqui no site da UQ está prevista para a sexta-feira, dia 17 de março. Mais uma vez, esta fase contou com a ajuda de antigos quebradeiros, tanto no apoio, organização quanto nas entrevistas.
Sobre a participação deles, a coordenadora pedagógica da UQ, Rosângela Gomes, comenta ser uma maneira bacana de ter mesmo uma turma com cara de quebradeiro. “Eles se sentem mais à vontade e o candidato também. Os quebradeiros antigos têm uma impressão de como eles atuaram nas Quebradas no passado, na época deles. E agora eles tão tendo a oportunidade de conhecerem muito antes dos candidatos serem quebradeiros quem vai fazer parte dessa nova fase”, explica.
Um dos candidatos, Antônio Oliveira, morador da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, trabalha com construção de instrumentos musicais em material reciclável. Ele revelou quais os motivos que o levaram a se inscrever. “Uma é o conhecimento na área em que trabalho, montar um projeto, pode escrever para captar recursos do governo. Essa é a principal. E também encontrar parceiros aqui. Tem um monte de gente aqui que trabalha com arte, quer trabalhar e às vezes nem tem uma área específica, mas tem disponibilidade”.
Daiana Azevedo, moradora de Vila Isabel, também se candidatou para a UQ 2017. Cabelereira e instrutora de cursos profissionalizantes, ela é voluntária em alguns projetos sociais e procurou o curso para encontrar e buscar auxílio de todas das formas. “Eu acho que ajudando as outras pessoas a gente consegue chegar nos nossos objetivos pessoais mais intensos. Eu tenho muita vontade de ajudar as pessoas. Eu não sei como. Eu tô vindo aqui com o objetivo dessa troca de conhecimentos. O conhecimento é a única coisa que ninguém nunca vai tirar da gente. De repente alguém tem alguma peça que vai me dar um start que possa conseguir levar alguma coisa sozinha”.
Antigos quebradeiros, sempre quebradeiros e também entrevistadores
Na UQ desde 2014, a produtora e gestora cultural Elizabeth Manja também conversou com candidatos na seleção deste ano. Moradora de Nova Sepetiba e diretora geral da ONG Movimento Territórios Diversos – Associação Cultural, ela conta que o aprendizado e as trocas feitas na UQ fortaleceram e trouxeram visibilidade ao seu trabalho, influenciando não só a ela, mas a outras pessoas também. “Hoje mesmo aqui na entrevista vão ter uns quatro ou cinco jovens de lá (da ONG) que se espelharam no trabalho que eu fiz e estão vindo para cá. Na edição passada, já teve o Leandro Araújo. Ele veio por causa disso. Esse nome “Universidade das Quebradas” ecoou. Tem pessoas aqui que viraram grandes amigas minhas”, ela relata.
O produtor cultural e morador de Vila Isabel Rodrigo Telles também foi um dos antigos quebradeiros ajudantes nas entrevistas. Para ele, integrante desde 2016, a UQ foi um redescobrimento, pois o incentivou a dar uma guinada ao perceber que, apesar da formação voltada à área financeira, ele tinha habilidades de escrita e auxílio em produção. “Eu enxerguei que era plausível eu também exercitar isto quando estive no coletivo. Comigo, a troca aconteceu”. Ele encontrou pessoas que se não trocaram com recursos, trocaram em motivação e o fizeram crer que ele podia fazer. “E hoje estou fazendo. Não cheguei ainda onde queria, mas pela UQ, sei que posso chegar. Acho que se ela não tivesse passado na minha vida, não teria essa noção”, esclarece Rodrigo.