A Peleja da Voz com a Língua | A Viagem | Monólogo Cantante para o ICS, por Numa Ciro

Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer!
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
um peixe bom eu vou trazer
Meus companheiros também vão voltar
e a Deus do céu vamos agradecer

De manhã que medo que me achasses feia!
Acordei tremendo deitada n’areia
mas logo os teus olhos disseram que não
e o sol penetrou no meu coração

Pedro! Pedro! Pedro!
Chico! Chico! Chico!
Nino! Nino! Nino!
Zeca! Zeca! Zeca!
Cadê vocês homens de Deus?

Vi depois numa rocha uma cruz
e o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia que não voltas

Eu bem que disse a José!
Não vá José ! não vá José!
Meu Deus!
Com tempo desses não se sai!
Quem vai pro mar quem vai pro mar
Não vem!

São loucas! São loucas!

Adeus adeus pescador não esqueça de mim


Eu sei meu amor
que nem chegaste a partir
pois tudo em meu redor
me diz qu’estás sempre comigo

Epígrafe/Montagem com letras de duas canções:
Suíte dos Pescadores – Dorival Caymmi (Brasil)
Barco Negro – David Mourão-Ferreira (Portugal)

 

A peleja da voz com a língua – A VIAGEM

Relato sobre o processo de criação e a apresentação no ICS – UL

A peleja da voz com a língua é o monólogo cantante criado em homenagem aos 50 anos do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, ICS – UL, e apresentado no dia 18 de outubro de 2012. Esta data coincidiu com o Programa Brasil em Portugal e Portugal no Brasil 2012 – 2013, lançado pelos órgãos de cultura dos dois países. Outra coincidência: estava a morar em Lisboa durante todo o ano de 2012. Portanto, o tema escolhido para reger o espetáculo foi a língua portuguesa, que surgiu num repente: minha “terra à vista”! quando vislumbrei um oceano de textos em prosa, canções e poesias para navegar em busca daquilo onde nas artes musicais e poéticas pudéssemos identificar os parentescos entre nossas culturas.

A nova condição de morar legalmente no país: possuir o título de residência, o número de utente e o cartão de transporte Lisboa Viva/Viva Lisboa, operou o efeito simbólico causado pelo sentimento de pertencer àquela terra. Os trâmites para fazer as inscrições e os registros dos acordos públicos no meu caso não se tornaram kafkianos. Foi até divertido fazer aos poucos uma reordenação de hábitos e costumes, criar a responsabilidade de pensar em direitos e deveres como imigrante e a oportunidade de perceber a vulnerabilidade do signo. Muitas vezes, mesmo em situações de desamparo em que me sentia estrangeira, sorria dos mal-entendidos ante as convenções de que são feitas as fronteiras e estabelecidos os limites.

No Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – SEF onde precisei ir algumas vezes para adquirir o documento de residência temporária, não me aborrecia esperar tanto tempo para ser atendida. Parecia um salão de festas aos meus olhos curiosos de ver gente, descobrir povos, adivinhar procedências, identificar línguas e diferentes pronúncias. Os cabelos, os fatos, as roupas e vestimentas, os adereços; as cores, as caras de dores, as bocas risonhas; as bolsas ou malas, os sapatos, as capas, os turbantes; as crianças, os velhos, os rapazes e as raparigas. Pessoas do mundo inteiro passam por ali para cumprir obrigações com as leis do país referentes aos processos de imigração.

Cada uma das experiências, assim como esta, ficou impressa em meu ser de tal forma que poderia identificá-las, uma a uma, em relação à escolha do repertório do espetáculo. Trago a certeza de que só pude desenvolver o tema da nossa língua neste trabalho, porque estava a morar em Portugal.

Em um mês, não era mais turista, nem clandestina. Pertencia ao clã. É uma casa portuguesa, com certeza? É com certeza uma casa portuguesa. Neste período, o livro Casa contadas, de Leonor Xavier, se tornara meu livro de cabeceira, um bicho de estimação. Ela tinha morado 12 anos no Brasil, em São Paulo e Rio de Janeiro. Diz, num certo momento, que aprendeu a construir outra forma de família, além da consanguínea. Eu também estava a construir famílias em Portugal e criar uma série de parentescos que nem mesmo tinha ousado fazê-lo no meu próprio país de nascimento.

Imagino que todos nós brasileiros compomos, ao longo das nossas vidas, uma imagem panorâmica, tal qual a montagem de um quebra-cabeça, sobre Portugal e particularmente sobre Lisboa. Não julgo excessivo lembrar que não existe Brasil sem Portugal, nem Portugal sem Brasil. Desde a época dos Descobrimentos é impossível falar da história de um destes países sem falar do outro. No entanto ambos os países são bastante diferentes entre si. Parecem espantosas as diferenças se consideramos o grau de familiaridades consanguíneas entre seus povos, tanto quanto as transmissões de lá pra cá e de cá pra lá, dos produtos simbólicos, dos bens culturais.

Quando aceitei o convite do José Machado Pais, as peças do meu quebra-cabeça estavam embaralhadas de volta à mesa dos jogos da história. Naquela ocasião eu me sentia como se estivesse à beira do cais do Tejo de Pessoa, com as malas na mão, diante das sete colinas de Lisboa. Além de reconhecer a importância do convite, do qual me sinto honrada, aceitei-o também com imenso prazer pela oportunidade de recomeçar a montagem do jogo com as situações vividas na carne e a edição das imagens agora vistas de perto.

Reconheci que seria impossível ignorar a riqueza que podemos encontrar, descobrir e produzir quando trabalhamos com as redes de cultura nas relações entre Brasil e Portugal. Impossível desviarmo-nos de uma rota tão sedutora. Foi em consideração a todas essas coisas que escrevi o projeto de apresentação do Monólogo Cantante em homenagem ao ICS. A peleja da voz com a língua não poderia encontrar um sítio tão propício para abrigar as inquietações em relação aos fundamentos científicos do meu trabalho.

O fado, que conhecia e cantava desde criança, parecia-me que estava a ouvi-lo pela primeira vez. As palavras da nossa língua comum eram as mesmas, mas os sentidos e a aplicação delas na frase variavam quando era uma brasileira ou uma portuguesa quem falava. Aos meus ouvidos tudo era novidade: a pronúncia em combinação com a melodia da fala; as formas de tratamento combinadas com as atitudes entre amigos, estranhos, ou na intimidade dos lares. Esforçava-me para perceber como se estabeleciam os sistemas hierárquicos nas relações de trabalho, nos serviços em geral, entre o público e o privado.

Meus olhos devoradores encontravam uma esfinge em cada colina. Saudava os sete orixás em cada esquina, no espelho do Tejo, nas ondas do mar. Lá estava Oxóssi na floresta urbana de Monsanto. Na igreja de São Domingos, pude apreciar a ousadia do seu restauro que não pretendeu esconder as marcas do histórico incêndio de 1954, mas também fazer o reconhecimento das imagens das Nossas Senhoras, dos santos e santas que povoaram as igrejas no Brasil e ainda lá estão nos céus imaginários dos católicos brasileiros.

Escrevi no projeto do espetáculo que “para cantar o Brasil e Portugal é preciso tocar o chão de África que nos deu os ritmos”. Assim, por causa dos ventos, cheguei a imaginar que Portugal é filho de Iansã, a orixá que preside os raios e os ventos. Quando a courant d’ air me batia na cara, ao pé da saída da estação do metro, o Brasil cantava: “Vento, diga por favor, aonde se escondeu o meu amor…” e logo Portugal respondia: “No vento que lança areia nos vidros.”[1]

Muitas vezes tinha a impressão de que não havia saído do Brasil, para subitamente reconhecer que estávamos separados por um oceano. Eu atravessei o Atlântico e naquele momento flanava na rua da Conceição, que chamo “Rua das Retrosarias” onde procurava linhas de bordar da ilha da Madeira. Nos anos 1950-1960, os armarinhos (retrosarias) de Campina Grande, Paraíba, nordeste do Brasil, vendiam linhas de bordado da ilha da Madeira. Nessa época, era miúda e como a maioria das minhas primas, e não são poucas, aprendi a bordar. Ia com minha mãe às compras e sonhava um dia conhecer a terra donde vinham aquelas linhas que considerávamos tão preciosas quanto um stradivarius.

Ai, Mouraria! Incontáveis vezes cantei teu nome, imaginei como serias, tinha certeza que poderia sair fantasiada de cabra-cega a correr pelas tuas vielas. Quando finalmente subi as tuas ladeiras, eu chorava a ouvir o eco da voz de Ângela Maria[2] que me conduzia à velha rua da Palma. Pensei: tenho mais sorte do que os adoradores de Homero: ainda não encontraram a sua Troia. Mas logo continuei a subir e a churar, a procurar o sítio “onde eu um dia deixei presa a minha alma”. Tudo era mescla de puro reconhecimento e adorável estranhamento. Parecia um rouxinol a beber os pingos da chuva a cair dos beirais. Vestia de fato, um fato cor-de-rosa, com o qual passava, em meio à procissão, anônima, sem fé, uma béradêra do sertão que ali estava numa adoração profana, a querer imitar uma SEVERA voz saudosa, acompanhada por uma guitarra a soluçar.

Trabalhar a língua portuguesa em suas variações como matéria-prima do monólogo cantante foi um desafio que precisei enfrentar. A nossa língua e todas as questões atuais que a ela se relacionam têm conquistado mais e mais o interesse de pesquisadores de diversas áreas acadêmicas. Acompanho na medida dos meus interesses essa discussão e as propostas políticas sobre sua expansão e os recursos econômicos da língua que são colocados como imprescindíveis no momento.

Apesar de sentir-me capturada pelo tema, temi não conseguir tratar adequadamente a materialidade da língua para as finalidades da performance artística. O perigo seria cair na armadilha de uma exposição didática. Para desenvolver o tema dentro das modalidades da arte, o que tinha aprendido na escola, na universidade e apresentei à academia naquele momento teria que espelhar a consistência da pesquisa, mas o resultado desse esforço não poderia aparecer em cena.

A pesquisa do repertório — com a finalidade de encontrar as canções certas, os textos em prosa e as poesias condizentes ao tema, durante o processo de construir aquele monólogo cantante — dava-me a impressão de que estava a aumentar a ordem das dificuldades: era preciso fazer coincidir o tema da língua portuguesa e suas variações com as produções de arte musicais e poéticas, considerando a relação entre Portugal Brasil e Brasil Portugal. Se para cantar o Brasil e Portugal foi necessário abrir os ouvidos aos ritmos de África, nos dois casos, mas especialmente no caso do Brasil, como escrevi no projeto, “é impossível esquecer a cultura indígena como um dos pilares não só formadores do país, mas nosso marco de origem”. Decidi, em meio a todos esses conflitos e sem certezas a me proteger, que o repertório musical e poético, como disse no projeto

seria escolhido entre as composições contemporâneas e de diferentes tradições portuguesas, africanas e indígenas, mas tendo por base a música e a poética nordestinas do Brasil, onde são visíveis todas essas influências, além das influências inegáveis dos componentes da cultura árabe. A tônica do espetáculo seria dada pela mistura de ritmos, pelas variações linguísticas e pelas passagens do trágico ao cômico. Desse modo o roteiro apresentará canções oriundas do romance medieval; das cantigas tradicionais portuguesas; das cantorias nordestinas de diversas modalidades. E ainda fados e sambas; o pop; o rock; e o rap.

A partir desse leque de possibilidades, construí um acervo de canções, textos e poesias das mais diferentes procedências. Não foram poucas as pessoas que se envolveram por diferentes razões com o meu projeto e, desse modo, se dispuseram a ajudar, compartilhar, trabalhar junto. De um dia para o outro a nossa morada estava cheia de livros, CDs, DVDs, revistas, jornais. Muitos emprestados, alguns presenteados, outros comprados na Fnac e ainda aqueles retirados da biblioteca do ICS. Este fato deu a medida de que o que eu estava a criar fazia laço social, agregava interesses e despertava o desejo de embarcar nas caravelas para singrarmos as águas do Tejo, atravessarmos o Atlântico, desembocarmos no São Francisco, cair na “boca banguela” da baía da Guanabara, descer a correnteza do Capibaribe e não mais que de repente aportar no Douro.

Justiça seja feita: sem a internet eu não teria descoberto pérolas como as cantigas alentejanas, Carlos Paião, e maravilha! todas as letras das canções que precisei ouvir e aprender a cantar já estavam escritas, disponíveis: bastava pronunciar Abra Cadabra com os dedos ao digitar control C.

Trabalho seguinte: construir o roteiro. O monólogo deveria obedecer aos ditames das durações dos espetáculos em geral. Não poderia passar de 60 minutos. Quem trabalha com roteiro sabe que uma música puxa outra, que a partir de um certo momento a gente não manda mais no trabalho. Ele corre por si e nos obriga a fazer cortes, dispensar aquela canção que até poucos minutos era nosso carro-chefe. Em consequência disso, fui aos poucos fazendo lutos, traí autores e até parceiros que não cabiam ali naquele leito de canções.

Não me conformei em dispensar aquelas joias recolhidas nessa ocasião, as quais iriam ficar trancafiadas no baú de tesouros que vinha ajuntando há muito tempo. O que fazer com as lágrimas pagas de Maria Touveda, a carpideira da Várzea, freguesia do Soajo, recolhidas por Michel Giacometti? Tempos atrás, já fui chamada de “Carpideira Pop”, e tinha estudado as pesquisas de Guerra Peixe sobre as rezas de defunto. E as cantigas de trabalho? E as músicas d’Angola, Cabo Verde, Moçambique, dos indígenas brasileiros? Construí um tríptico:

  • A Peleja da Língua com a Voz – A VIAGEM (apresentado no ICS)
  • A Peleja da Língua com a Voz – A SAUDADE (em processo de criação)
  • A Peleja da Língua com a Voz – O AMOR (em processo de criação)

 

No momento da apresentação do espetáculo no ICS, não havia ainda inventado essa saída, ou seja, aproveitar o acervo, fazendo este tríptico. Também o sentido de aproveitamento que dou é em relação às possibilidades de criação que aquele material me dava a ver. Chamei de A viagem ao monólogo que apresentei no ICS, porque a viagem está em cada canção e no espírito do roteiro. Este espetáculo somente aconteceu por causa da minha viagem para Portugal. As viagens são as criadoras dos países. As razões e significados para esta nomeação são infinitos. Mas é importante sublinhar que este título só foi dado por conta da invenção do tríptico, que ainda está em processo de criação. Continuo a viajar e espero apresentar as outras pelejas no sítio onde nasceram. Já fiz filhos portugueses.

 

Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 2013

 

 

A Peleja da Voz com a Língua – A Viagem

 

 

Roteiro

1. Os mais doces bárbaros Caetano Veloso

2.  Lisboa antiga José Galhardo/ Amadeu do Vale/ Raul Portela

3.  A ideia Augusto dos Anjos/ Flaviola

4. Avante Siba

5. Meu nome é Numa Ciro autorretrato poético Numa Ciro / Música de Domínio Popular

6. Navegador de canções Tom Zé

7. Marília de Dirceu Lírica VI Tomás António Gonzaga / Flaviola

8. Voltarei à minha terra Tiago Torres da Silva /Armandinho

09. Na minha rua Anaquim

10. Atlântico Sophia de M. B. Andressen

11. O mar sem fim é português Fernando Pessoa

12. Lágrima Carlos Gonçalves Fontes Rocha / Amália Rodrigues

13. Uma frase gloriosa Navegantes antigos

14. Tão pequeno Luis de Camões / Caetano Veloso

15. Água Os 4 elementos na beira do mar Numa Ciro / Flaviola

16. Amor platônico Versão de Numa Ciro para She Angelo Badalamenti / Marianne Faithfull

17.  O rinoceronte (trecho) Eugène Ionesco

18. O ABC do sertão Luiz Gonzaga / João Dantas

19. Livros Caetano Veloso

20. Senhor extraterrestre Carlos Paião

21. Língua Caetano Velloso

22. Das Glück kamm zu mir vie ein Traum Luiz Bonfá / E. Bader / H. Ewer

23. A cigana Tânia Christal

24. Béradêro Chico César

25. Estátua Erasmo Carlos

26. Vinheta Numa Ciro

27. Trechos de textos de João Guimarães Rosa

28. Hipótese do hipopótamo tartamudo: uma balada comportamental Bráulio Tavares

29. O bis: Gotinha d’água cantiga alentejana

 

A Ficha técnica do espetáculo

Roteiro e encenação Numa Ciro
Cenário – Hildebrando de Castro / Vitor Ferreira e José Rolo
Figurino – Hildebrando de Castro
Luz – Vitor e José Rolo
Coprodução – ICS-UL e A gente se Fala Produções Artísticas
Apoio cénico – Cláudio Hochman / Vítor Ferreira
Operação de som e gravação: Senhor Araujo
Cartaz – João Silva
Divulgação – Margarida Bernardo e Rui Pereira

Apoio Institucional

Casa da América Latina – Lisboa
Brasil Portugal Agora 2012-2013
Funarte – Ministério da Cultura – Brasil
Ministério das Relações Exteriores Brasil
Terra Esplêndida – Comunicação

AGRADECIMENTOS

José Machado Pais
José Rolo
Maria Xavier
Sílvia Ramos de Souza
Vitor Ferreira


[1] O primeiro verso é da canção Prece ao vento, de Gilvan Chaves/Alcir Pires Vermelho/ Fernando Luiz Câmara Cascudo. O segundo verso, pertence à letra de Barco Negro, de David Morão Ferreira.

 

[2] Em 1977, Ângela Maria, cantora brasileira de grande sucesso desde os anos 1950, lançou o disco Os mais famosos fados, pela gravadora Copacabana. Escrevo ao pé desta página sobre esse disco porque o considero um dos exemplares dos objetos de arte poético-musicais feitos naquele forno que aquece as relações fusionais entre nossas culturas. Olhando com meus novos olhos de lentes portuguesas, fico extasiada diante do recorte preciso que este disco nos oferece do vasto universo do fado. Dá gosto ler o título das faixas: 1. “Foi Deus” (Alberto Janes); 2. “Lado a lado” (J.Bragança, N. Souza); 3. “Perseguição” (C. Maia, A. Souza); 4. “Nem às paredes confesso” (Trindade, A.Ribeiro); 5. “Fado do ciúme” (A.Vale, F.Valerio); 6. “Lisboa antiga” (A. Vale, J. Galhardo, R. Portela); 7. “Só nós dois” (J. Pimentel); 8. “Ai, Mouraria” (A. Vale, F. Valerio); 9. “Olhos castanhos” (A. Coelho Filho); 10. “Tudo isto é fado” (F. Carvalho, A. Nazaré); 11. “Canção do mar” (F. de Brito, F. Trindade); 12. “Coimbra” (J. Galhardo, R. Ferrão). Este repertório nos oferece uma resposta magnífica sobre a pergunta: O que há de Brasil em Portugal? O recorte que a cantora fez do acervo que ela deveria conhecer bem foi cortado por uma língua afiada, enfiada na alma dos amantes da música popular brasileira.