Sei lá… A vida ta meio “coisada”!
Um movimento estranho passa, acontece, percebo que não é somente coisa minha. Tem um clima “coisado” de estranheza no ar pela cidade do Rio.
Ando pelas ruas, vielas, ônibus e a atmosfera de estranheza exala no ar, um cheiro de carne fresca, de suor batido com uma vontade de morder até sentir o gosto de sangue na boca. Será que é coisa minha?
A gente o tempo inteiro anda atento, revindicando que os outros andem na linha. Sabe aquela coisa reta, concisa e esperada a todo o momento? Mas para a gente pode o movimento sinuoso e a possibilidade de uma curva acentuada. Será que esse movimento só pode para a gente?
Sei lá! Isso me dá um “coisado” na cabeça que bate no peito e fica difícil de engolir. É como quando a gente come sem fazer o processo natural. Sabe? Jogamos o alimento pra dentro, rápido, sem olhar, sem sentir o cheiro, sem salivar para depois degustar, quando isso acontece, fica difícil engolir.
A vida tá meio assim, engolir as mentiras contadas como se fosse verdade. Você mente, todos sabem ou percebem a mentira, e fica tudo bem, mas uma garfada engolida com gosto de fel, fica uma azia emocional, que pode virar uma ulcera que faz daqui algum tempo a gente vomitar, ou seja, falar de qualquer jeito, agir de qualquer jeito, sem pensar, como se fosse um impulso, um “fluxorefluxo” puramente emocional, cheio de revolta e amargura, que chega como uma força primitiva, que seja, e depois que passa, vemos o resultado que ficou.
Interessante perceber que nas mídias a mentira é como se fosse um órgão essencial para a vida, ninguém consegue viver sem o intestino, pois ele é fundamental, e na mentira é assim, a merda que sai, tem cheiro, textura e gosto, embora saia de um corpo belo e aparentemente saudável, quando sai todo mundo sabe. Então por que tanta merda, desculpe, mentira?
O clima “coisado” está ficando sério, antes era individual, agora está se tornando coletivo, e o coletivo age muitas vezes sem pensar. E quem paga esse ato impulsivo emocional coletivo?
Alguns se beneficiam com o ato de impulso emocional coletivo, enquanto a gente se embrulha com a merda, os fazedores se recolhem para depois surgirem em outro momento, mentindo, dissimulado, com um grande sorriso nas mídias, e com isso, o ciclo continua e quem paga a conta é o povo “coisado”.
Angelo Mello é quebradeiro da 4ª edição