Quebradas no Arraiá da UFRJ

Rabo no burro, cama elástica e touro mecânico. A Universidade das Quebradas esteve presente no IX Arraiá da UFRJ. A festa ocorreu nos dias 27 e 28 de julho, no Campo Esportivo da Escola de Educação Física e Desportos/UFRJ, Campus da Praia Vermelha. A barraca das Quebradas foi de brincadeiras, e animou quem passou por lá. A quebradeira Anick Lorena fala um pouco sobre como foi o evento.

Qual a importância da participação das Quebradas em um evento como o Arraiá da UFRJ?
De grande importância, pois a Universidade das Quebradas é o 2º Curso de extensão pertencente ao grupo de CAs que participam do Arraiá. Somos discriminados, rola muito preconceito, pois não somos alunos efetivos da UFRJ. Quem não conhece o Projeto na íntegra olha para agente como se fôssemos pobres coitados da periferia, pedindo esmolas. Mas na prática, a realidade é outra. Temos pulso forte para conquistar nosso espaço, temos habilidade para administrar a produção e participar desse evento. Isso nos faz fortes, quebrando barreiras, paradigmas, conceitos e preconceitos sem “quebrar o salto alto”.

Como foi a resposta do público a uma barraca de brincadeiras?
Foi bem divertido. As crianças, que são nosso público-alvo, adoram, mas a surpresa mesmo foi a participação dos jovens e adultos. Demos de prendas livros doados, de poesias, pedagógicos ou não, revistas, gibis infantis, e cestas decoradas artesanalmente pelos próprios Quebradeiros. A reação do público, vendo a única barraca que tinha nas bancadas pilhas de livros e cordéis, foi muito interessante.

Qual foi a maior dificuldade no processo todo?
A falta de verba é a primeira delas. Ano passado a nossa barraca ficou com a Tapioca, que nos deu prejuízo, despesa e muito trabalho por vários fatores. Esse ano foi diferente, trabalhamos muito, mas conseguimos arrecadar algumas prendas, produzir e customizar outras e tudo saiu como esperado. Hoje temos uma nova e boa experiência para o próximo ano.

O que fizeram para se destacar no meio de tantas outras barracas?
Bom, somos Quebradeiros e isso faz toda a diferença. Primeiro, colocamos personagens vivos infantis para chamar atenção, como a Emília do Sítio do Pica Pau Amarelo e a Galinha Pintadinha para circular no espaço próximo da nossa barraca. Assim os presentes tiravam fotos com os personagens e as crianças. Outro destaque foram as prendas, o slogan da barraca era: “Se ganhar ganha; se perder, ganha também” e ninguém saía da barraca sem brinde, mesmo se não acertasse o rabo no burro ou não acertasse o chapéu no alvo, levaria um livro de prenda. As pessoas adoraram essa ideia, que deu certo e não sobrou nada. Quem ganhava ou perdia, levava o brinde do mesmo jeito. Fizemos cartazes artesanais na hora para aumentar a visão da nossa barraca e chamávamos a atenção das pessoas de dentro da barraca com nossa animação e carisma.

O que puderam aprender com a participação nesse grande evento?
A importância do planejamento, de reuniões, de divulgação, de empreendedorismo, de dinâmica, de questões de segurança, de espírito de grupo, coletividade, união, muito jogo de cintura e sorriso no rosto sempre. Agora rola uma expectativa muito grande com o ranking, pois temos no evento uma comissão julgadora que avalia vários quesitos das barracas como animação, entusiasmo, condições, ornamentações, organização, participação nas reuniões, ou seja, uma série de pontos que é muito importante para a participação da UQ no próximo ano. E que agora com a nova turma, há intenção de construirmos mais projetos coletivos. Gostaria, aproveitando o momento, de homenagear aqui a Rô: nossa secretária executiva mais Quebradeira que eu já vi, veste a camisa mesmo, com apoio moral, material, financeiro, emocional.

Nas palavras de Anick: “O coletivo da Universidade das Quebradas agradece a participação de todos que estiveram presentes durante o Arraiá da UFRJ -2012, Culturas e Diversidades, realizado nos dias 27 e 28 de julho deste ano, no campus da Praia Vermelha, com o intuito de oportunizar a socialização de conhecimentos significativos e atualizados sobre os temas de tradições culturais, bem como promover o intercâmbio entre alunos de graduação e pós-graduação, professores, pesquisadores e demais profissionais da UFRJ, aportando novas possibilidades de formação e crescimento profissional, cultural e humano.

Aos nossos patrocinadores e apoiadores, nosso agradecimento pela contribuição, destinada a organização do evento. Aos funcionários, alunos, professores ou não que de alguma forma contribuíram para que pudéssemos realizar e participar desse evento de cunho cultural, conceituado como patrimônio imaterial brasileiro. A biblioteca Parque de Manguinhos e a todos os outros que ajudaram com seu serviço braçal, monitorando os brinquedos, ajudando nas brincadeiras com sua presença, seu apoio moral, enfim, a todos: nosso muito obrigado, cada um de vocês fez parte direta ou indiretamente. Cada ajuda tem um valor especial e inenarrável pela força”.

Por Mariana Mauro (Bolsista PIBEX – ECO/UFRJ)